Em menos de três anos o governo socialista já enfrentou quase tantas greves da Função Pública como as que ocorreram durante o mandato completo de Pedro Passos Coelho, entre 2011 e 2015. A comparação foi feita pelo jornal Público em dia de greve geral da função Pública nos principais sectores de atividade (saúde, justiça e educação).

Em toda a legislatura Pedro Passos Coelho teve 399 pré-avisos de greve comunicadas à Direção-Geral da Administração e Emprego Público (DGAEP) e António Costa está quase a igualar este número. Mas vamos a números: em 2017 a geringonça teve 151 pré-avisos na função pública e 171 este ano. Números bem acima dos 106, registados em 2012. Já durante o período da troika, chegaram a registar-se 23 greves nacionais em 2013 (o ano de maior tensão social) e 11 em 2012.

Ainda assim, não se pode dizer que sejam greves nacionais  (“gerais”, na terminologia estatística da DGAEP), mas apenas locais (ou “sectoriais”).

A forma como são encaradas é também bastante diferente. No ano passado, foram marcadas e depois canceladas 18 greves (este ano já foram dez), situação que nunca aconteceu nos anos de governação de Pedro Passos Coelho e Paulo Portas já que nunca houve desconvocações nesse período, avança o mesmo jornal.

Segundo o Público, esta nova tendência pode ser explicada pelo facto de o Governo de Costa estar coligado com o PCP e com o Bloco de Esquerda, partidos afetos aos sindicatos. Neste sentido, os sindicatos tentam utilizar as greves para pressionarem o governo a negociar. Na greve convocada pela Associação Sindical dos Juízes Portugueses para os dias 3 e 4 de outubro de 2017, resultou. A associação convocou-a e cinco dias antes cancelou-a depois de ter sido recebida pelo grupo parlamentar do PS e ter percebido que havia, da parte deste partido, “uma abertura clara para discutir” a polémica proposta de revisão do estatuto dos juízes.

António Costa, contrariamente a Passos Coelho, não sabe o que são greves gerais no sentido de reunir sindicatos do setor público e privado, já que Passos enfrentou quatros greves das dez que o país atravessou até ao momento. Os dados da DGAEP não contemplam empresas do sector público como os transportes.

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