O preço dos bilhetes do Grande Prémio do México levantou alguma polémica durante a semana, com valores entre os 68 e os 900 euros (bem acima do que é praticado nos encontros da NBA e da NFL por lá jogados todos os anos), mas, com a devida distância temporal, valerá a pena: foi no circuito Hermanos Rodríguez que Lewis Hamilton carimbou a conquista do quinto título mundial de Fórmula 1, igualando o argentino Juan Manuel Fangio e ficando a dois do alemão Michael Schumacher. Até a festa foi cara (cada cerveja no interior do recinto custava oito euros e meio) mas, não fosse a desistência de Fernando Alonso logo na sexta volta, teria sido a mais desejada – o espanhol da McLaren cumpre a última época e foi por isso que muitos espetadores surgiram nas bancadas usando uma máscara com a cara do espanhol que já foi duas vezes campeão.

Depois das primeiras indicações que colocavam os Mercedes a uma relativa distância dos Red Bull, os tempos acabaram por ficar mais próximos durante a qualificação e o britânico segurou o terceiro lugar na grelha, à frente de Sebastian Vettel e atrás da dupla que andou sempre mais rápido no México: Daniel Ricciardo e Max Verstappen, vencedor no ano passado que voltaria a repetir esse feito. Hamilton voltou a destacar-se na saída, passando o australiano e abrindo para não haver qualquer tipo de toque com o holandês, que assim assumiu a liderança da prova, mas esta seria tudo menos uma corrida fácil para o novo campeão que, à passagem da décima volta, já ia falando com a equipa a propósito dos problemas que estava a sentir nos pneus.

Houve passagens pelas boxes mas as classificações entre os quatro primeiros mantinham-se intactas: Verstappen na frente, Hamilton na segunda posição, Ricciardo no terceiro posto e Vettel em quarto. E se é certo que as posições se continuavam na mesma, também os problemas do britânico com os pneus se mantinham, mesmo com a utilização de pneus mais duros. Foi por isso que, na 43.ª volta, o piloto da Mercedes mostrou o seu descontentamento com a equipa numa altura em que estava a perder cerca de um segundo para o australiano Daniel Ricciardo.

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Mais do que os adversários da Red Bull e da Ferrari, Hamilton tinha no seu carro o principal opositor para o título e pior ficou quando, pressionado por Ricciardo, acabou por sair de pista e ter uma passagem pela zona de relva do circuito (curiosamente, uma volta depois, Bottas também cometeu um erro naquela zona com Vettel por perto). A 20 voltas do final, e após nova passagem pelas boxes, o britânico já tinha caído para a quinta posição, ultrapassado por Kimi Räikkönen.

Havia uma vantagem para o líder da Mercedes: mesmo no quinto lugar, tinha atrás de si o companheiro de equipa Valtteri Bottas e Hulkenberg, o sétimo, estava a mais de meia pista na distância. Só mesmo um grande descalabro poderia retirar o título já este domingo, na antepenúltima prova do Mundial, mas se dúvidas ainda existissem as mesmas ficaram dissipadas quando Ricciardo, com problemas no motor, teve de abandonar a corrida a cerca de dez voltas do fim. Tal como em 2017, Hamilton foi campeão mundial no México sem terminar a prova no pódio e Verstappen ganhou a corrida.

“Passei uma noite horrível, mal dormi, tal a determinação que tinha em vencer aqui hoje. Foi uma corrida horrível. Fiz um bom arranque, mas depois não sei o que aconteceu a partir de certa altura. Já só queria trazer o carro até final”, comentou Lewis Hamilton nas primeiras palavras como pentacampeão mundial de Fórmula 1.