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O momento certo para uma ultrapassagem com 'imaginación' espanhola (a crónica do FC Porto-Feirense)

Este artigo tem mais de 5 anos

FC Porto não desperdiçou a oportunidade de ultrapassar o rival Benfica e igualar o SC Braga no topo da Liga. Frente ao Feirense, Felipe e Marega fizeram os golos, mas foi Óliver quem mais fez jogar.

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Ivan Del Val/Global Imagens

Ivan Del Val/Global Imagens

Aproveitando a previsível avalanche mexicana que, esta tarde, iria invadir o Dragão — além dos habituais Corona e Herrera, havia ainda Antonio Briseño do lado do Feirense –, o MaisFutebol resolveu falar com outro mexicano que conhece bem os corredores e os relvados portistas. Miguel Layún, que passou duas épocas e meia no Dragão — e nessa meia ainda se cruzou com Sérgio Conceição, depois de o ter feito com outros três (!) treinadores em tão curto espaço de tempo –, aproveitou para dizer que, embora tivesse “desfrutado” mais de jogar com Lopetegui, Conceição tinha chegado “no momento certo” ao FC Porto.

E já que se fala nisso, o técnico portuense sabe bem que o trajeto de um treinador vitorioso passa, e muito, por aproveitar os “momentos”. E o adversário desta jornada, o Feirense, serve até de barómetro para aclarar esta ideia. Há uns meses valentes, em abril de 2017, outro treinador azul e branco, Nuno Espírito Santo, tinha tudo para se colar ao Benfica na classificação, depois de os encarnados terem empatado a um golo na visita ao Sporting, em Alvalade. Em vez disso, precisamente na receção ao Feirense, empatou sem golos e viu o adversário direto escapar rumo ao ‘tetra’.

Perante o mesmo rival, Sérgio Conceição, o técnico que desviou o ‘penta’ da Luz, tinha agora o “momento certo” para aproveitar as circunstâncias e trepar na classificação. É que, na antecâmara deste jogo, chegaram boas notícias de outros campos: o SC Braga empatou no dérbi minhoto com o V. Guimarães e o Benfica perdeu na deslocação ao campo do Belenenses. Feitas as contas, este era o “momento certo” para o FC Porto agarrar a liderança do campeonato (em igualdade pontual com o Braga, diga-se). E, já agora, regressar às vitórias no campeonato depois da derrota na Luz, na jornada passada, há exatas três semanas.

De lá para cá, muita coisa aconteceu: uma vitória europeia e uma goleada na Taça de Portugal, um certo Adrián López que pode bem ter passado de proscrito a reforço inesperado e um Óliver Torres que mostrou o virtuosismo com a bola nos pés enquanto Otávio recuperava a melhor forma — o que lhe valeu os elogios de Sérgio Conceição, a sublinhar-lhe a qualidade no passe e na circulação e ainda o dom de fazer variações e trazer profundidade à equipa.

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Ficha de Jogo

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FC Porto-Feirense, 2-0

8.ª jornada da Primeira Liga

Estádio do Dragão

Árbitro: Rui Oliveira

FC Porto: Casillas, Maxi, Felipe, Éder Militão, Alex Telles, Corona (Herrera, 64′), Danilo, Óliver, Brahimi (Adrián, 86′), Marega (André Pereira, 81′) e Soares

Suplentes não utilizados: Vaná, Mbemba, Hernâni e Otávio

Treinador: Sérgio Conceição

Feirense: Caio Secco; Mesquita, Briseño, Nascimento, Vítor Bruno; Alphonse (João Tavares, 81′), Tiago Silva, Luís Machado; Edson Farias (Brian, 88′), Sturgeon (João Silva, 81′), Edinho.

Suplentes não utilizados: Bruno Brígido, Diga, Valencia e Zé Pedro

Treinador: Nuno Manta Santos

Golos: Felipe (23′) e Marega (80′)

Ação disciplinar: Cartão amarelo a Vitor Bruno (50′), Luís Machado (58′), Alphonse (63′) e Marega (78′)

A aposta (ou não) no espanhol era, talvez, a principal dúvida no onze portista antes do jogo. E Sérgio Conceição dissipou-a de forma categórica: não só deu lugar a Óliver nas suas escolhas iniciais, como abdicou de Herrera para colocar Soares ao lado de Marega na carreira de tiro à baliza que menos golos sofreu até ao momento no campeonato. O abandono da ‘fórmula Champions’ dos três médios dava lugar a um 4x4x2 deliberado. Afinal, é tudo uma questão de “momentos”, lembra-se?

De momentos e de dinâmicas, já dizia Conceição antes do jogo. É que se, no papel, o FC Porto tinha menos um homem no meio campo, na prática não foi bem assim. Tudo porque os extremos — sobretudo Brahimi — apareciam frequentemente no miolo, entre linhas, trazendo alguma superioridade numérica naquela zona do terreno e confundindo as esmeradas marcações da equipa de Nuno Manta Santos.

Mas centremo-nos em Óliver. Em boa hora Sérgio Conceição se lembrou de continuar a apostar nele: o espanhol, que tem o número 10 impresso nas costas, foi um portento no meio-campo, um autêntico distribuidor de jogo. Mais do que isso, um pensador. Sempre de cabeça levantada, incansável nas recuperações e nos desarmes e inteligente nas acções de construção, distribuiu jogo para tudo quanto era lado. Foi, aliás, dos seus pés que nasceu o quase-golo de Danilo: canto de Alex Telles pela esquerda, Edinho cortou de cabeça e a bola sobrou para os pés do espanhol que, de costas, soltou a bola para Danilo. O médio português ainda cruzou rematado para o fundo das redes, os adeptos ainda se levantaram das cadeiras em sinal de festejo, mas a alegria só durou até o VAR anular o lance.

Antes disso, Marega também já tinha cheirado o golo, depois de um cruzamento de Corona que só não assentou na cabeça do Maliano porque Bruno Nascimento se fez ao lance e cortou de forma providencial. Pouco depois, o primeiro aviso de Felipe: na sequência de um lançamento lateral de Maxi em direção à área, o central cabeceou, mas o lance morreu nas mãos de Caio.

Foi o adiar do inevitável. Pouco depois, o laboratório de Sérgio Conceição pariu um livre marcado a três toques — os de Telles, Óliver e Corona — com o mexicano a cruzar com conta peso e medida para a cabeça de Felipe. Desta vez, o central não falhou as medidas, mas ouviu o apito de Rui Oliveira quando quando ensaiava o festejo: o árbitro considerou haver fora-de-jogo do brasileiro. Mas ao ouvido, falaram-lhe da Cidade do Futebol e lá lhe terão dito que a bota de Tiago Mesquita estava na mesma linha do defesa portista. Compasso de espera… e Rui Oliveira validou o lance que dava vantagem à turma azul e branca.

O golo sacudiu o jogo e trouxe-lhe um frenesim pouco favorável à equipa de Sérgio Conceição. As duas equipas foram criando perigo em lances rápidos e, num deles, Casillas ainda mostrou de que fibra é feito quando foi lá ao cantinho resgatar a bola que ali tinha sido colocada por Farias, num tiro de longe. Susto que não foi suficiente para assustar verdadeiramente os dragões, que continuaram a cuspir fogo em duas oportunidades flagrantes mesmo em cima do intervalo: primeiro por Brahimi, que atirou ao ferro depois de receber a bola a centímetros da baliza, por Corona, que deu um nó cego a Vítor Bruno pela direita; logo depois por Marega, que apareceu isolado no cara a cara com Caio, mas permitiu que a bola desviasse nas pernas do guarda-redes.

O início do segundo tempo trouxe um ritmo mais brando e um FC Porto menos mordaz — que até chegou a ser surpreendido quando Sturgeon esticou o pé na sequência de um canto estudado e ainda balançou as redes de Casillas, com o lance a ser anulado de imediato (novamente) por fora-de-jogo. O resultado ficou na mesma, mas houve algo que sobrou deste lance: o aviso de que o Feirense estava no Dragão para discutir a partida. Verdade seja dita, Nuno Manta Santos optou sempre por tentar esticar o jogo fogaceiro, com a dupla consequência que normalmente daí advém quando equipas afoitas tentam bater o pé aos grandes — ora criam perigo, ora abrem espaços para as formações de maior dimensão matarem o jogo.

Sérgio Conceição tentou segurar o domínio das operações e, por isso, introduziu uma nuance tática: ao fazer sair Corona para entrar Herrera, reforçou o meio-campo, com Marega a voltar à posição em que tanto pode apoiar Soares na frente como romper pela direita. Com isso, o FC Porto controlou melhor o jogo e até ampliou a vantagem: numa jogada que envolveu meio plantel portista, Soares serviu Marega em zona frontal, com o maliano a rodar e a rematar para defesa incompleta de Caio Secco — que, na segunda investida, ja não teve punhos para travar o 2-0 dos azuis e brancos e o segundo jogo consecutivo a marcar do avançado maliano.

Até ao final, ainda houve desperdícios de Soares, a pegar mal na bola depois de uma jogada de Brahimi que merecia ter tido outro fim, e de Herrera, que podia ter feito um golaço de calcanhar, não fosse a defesa de Caio (e de Briseño, na recarga, desta vez a remate de Brahimi). Mas estava conseguido o mais importante: o FC Porto percebia que este era o “momento certo” para não repetir os erros do passado e conseguia uma ultrapassagem ao rival Benfica com golos de Felipe e Marega, mas com a imaginación do espanhol Óliver.

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