A Câmara de Oliveira do Hospital vai investir um milhão de euros na compra de árvores autóctones como incentivo aos proprietários para arrancarem os eucaliptos que nasceram após os incêndios, anunciou este sábado a autarquia.

“Vamos fazer este esforço financeiro enorme” para que os donos dos terrenos, infestados por milhões de eucaliptos nascidos espontaneamente na sequência dos fogos de 15 de outubro de 2017, “se sintam motivados” a remover esta espécie exótica, disse o presidente da Câmara Municipal, José Carlos Alexandrino, à agência Lusa.

Numa “tentativa para combater esta nova desgraça do concelho”, no distrito de Coimbra, a autarquia vai doar aos interessados castanheiros, medronheiros, carvalhos, pinheiros-mansos e outras espécies da flora primitiva, adiantou.

O autarca independente, que cumpre um terceiro e último mandato, sempre eleito em listas do PS, afirmou que a Câmara “vai investir 500 mil euros numa primeira fase” com esse objetivo, disponibilizando a restante verba em momento posterior.

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“Não é isto que nós queremos deixar às gerações vindouras”, sublinhou, lamentando que “grandes interesses” continuem a apostar na disseminação do eucalipto em Portugal, apesar de estarem demonstradas as consequências nefastas desta monocultura para o ambiente, designadamente na propagação dos incêndios.

O município de Oliveira do Hospital está a promover “várias ações de sensibilização junto dos proprietários”, incentivando-os a procederem “rapidamente ao arranque dos pequenos eucaliptos”, com “especial enfoque” nos terrenos junto aos aglomerados populacionais, refere a autarquia em comunicado.

“O eucalipto está a invadir o território por via da germinação descontrolada das sementes, formando mantos contínuos que impedem o crescimento de outras espécies”, acrescenta.

O Gabinete Técnico Florestal da Câmara Municipal esclarece que estas plantas “não se transformarão em árvores com valor económico, mas sim num grave e dispendioso problema” ecológico.

Se os jovens eucaliptos “não forem arrancados com urgência, a sua eliminação só será possível com recurso a corte e aplicação de herbicida”, com “prejuízos à natureza e ao homem”, havendo ainda o risco de “aumento da carga de combustível inflamável”, adverte a nota.