Angela Merkel não se vai recandidatar à liderança da CDU em dezembro e vai deixar de ser chanceler no fim do mandato atual, em 2021. Em conferência de imprensa, a líder alemã anunciou a decisão de sair da liderança dos democratas cristãos após este domingo o partido ter registado os piores resultados desde 1966 nas eleições regionais em Hesse e acrescentou que vai manter-se enquanto chanceler até ao fim do mandato mas não se recandidatará. “Este é o meu último mandato como chanceler”, afirmou.

Merkel, de 64 anos, garantiu ainda que não vai procurar “qualquer cargo político” após o fim do mandato de chanceler, o que significa que também não se vai recandidatar ao cargo de deputada no Bundestag, o parlamento alemão. A chanceler anunciou “um novo capítulo” e assumiu “toda a responsabilidade pelo que aconteceu nas eleições do ano passado”, acrescentando ainda que o quadro do atual Governo é “inaceitável” e que a saída da liderança da CDU – cujas eleições internas acontecem já em dezembro – lhe vai permitir dedicar-se por inteiro aos desafios da coligação com os sociais-democratas do SPD.

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Angela Merkel é chanceler desde 2005 e lidera os democratas cristãos desde 2000 – na conferência de imprensa, disse estar “muito grata” por ter servido a Alemanha durante tantos anos e afirmou que “não nasceu chanceler”. O jornal alemão Bild avança que Friedrich Merz, ex-eurodeputado e antigo líder do grupo parlamentar da CDU, pode anunciar a candidatura à liderança dos democratas cristãos ainda esta segunda-feira. Outro dos nomes fortes apontado à sucessão é a secretária-geral do partido, Annegret Kramp-Karrenbauer, assim como Jens Spahn, atual ministro da Saúde e crítico de Merkel.

A não recandidatura de Merkel à liderança da CDU pode enfraquecer o papel de liderança da Alemanha na União Europeia, numa altura de grande instabilidade face às negociações do Brexit e ao orçamento italiano recusado.

Os partidos da coligação governamental da Alemanha sofreram quedas importantes nas eleições regionais em Hesse, enquanto o partido de extrema-direita passará a ter representação no parlamento regional. Segundo as projeções das cadeias de televisão públicas ARD e ZDF ao fecho das urnas, a União Democrata Cristã (CDU), da chanceler Angela Merkel, vence as eleições com 27% a 28% dos votos, mas perde quase 11 pontos relativamente às eleições de 2013. Este é o pior resultado da CDU na região desde 1966.

Os sociais-democratas do SPD, o outro parceiro da coligação governamental, deverão conquistar 19,8% dos votos, resultado que representa menos 10,9 pontos do que nas eleições anteriores. Com uma votação entre 12% a 13%, o partido da extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) consegue entrar no parlamento regional de Hesse, o único dos 16 do país onde ainda não tinha representação.

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