Li Shufu é um chinês cujo nome convém fixar, especialmente se segue de perto a indústria automóvel mundial. É um empresário com uma fortuna avaliada em 15,3 mil milhões de euros e um dos poucos que não depende directamente do Estado chinês. É dono da Geely, mas isso não o impediu de comprar igualmente a Volvo Cars, os carros voadores da Terrafugia e os táxis londrinos, além de fatias importantes da Lotus, Proton, veículos pesados AB Volvo e 9,7% da Daimler, pelos quais pagou 7,9 mil milhões de euros.

A entrada de Shufu no grupo que controla a Mercedes não foi muito bem encarada, com o porta-voz da empresa alemã a veicular a opinião do board, dirigido por Dieter Zetsche, que primeiro afirmou que não iria existir uma relação preferencial com o dono da Geely, para depois garantir que também não havia espaço para parcerias na China, uma vez que já estavam comprometidos com parceiros locais concorrentes de Shufu. Como se fosse possível virar as costas a um accionista que já comprou quase 10% do grupo, tornando-se no maior accionista, e que com a mesma facilidade compraria outro tanto, tornando-se incontornável na administração.

Passados poucos meses, não só foi anunciada a saída de Zetsche  de CEO da Daimler, como foi agora revelada a primeira parceria entre os alemães e a Geely, num projecto que os segundos estavam a desenvolver de ride-hailing, um tipo de serviço para facilitar a mobilidade urbana em que o cliente manda parar um veículo (fisicamente ou através de aplicação) que percorre um determinado trajecto, para se deslocar do ponto à para o B. A Geely já possui uma empresa de ride-hailing na China, a CaoCao, com 17 milhões de utilizadores registados, enquanto a Daimler controla a MyTaxi, Moovel e Car2Go, que juntas possuem mais de 26 milhões de clientes.

Para o director da Daimler Financial Services, Klaus Entenmann, “esta joint venture vai representar um papel importante na expansão dos nossos serviços de mobilidade na China”, ele que vai ocupar um lugar na administração da nova empresa da Geely/Daimler.

Zetsche não esteve presente na assinatura que presidiu à criação da nova empresa, detida por ambas empresas 50%-50%, que vai utilizar os veículos eléctricos da Geely, as versões de passageiros dos furgões da Mercedes e os topos de gama Classe E e S, para quem pretenda um serviço mais luxuoso.

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