A utilização de medicamentos evitou mais de 110 mil mortes e acrescentou dois milhões de anos de vida saudável aos portugueses desde 1990, conclui um estudo da Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (Apifarma), desenvolvido em colaboração com a consultora McKinsey & Company, que é apresentado esta terça-feira em Lisboa num congresso da associação subordinado ao tema “Compromisso com as Pessoas. Mais e Melhor Vida”.

De acordo com o estudo, que reúne dados sobre a realidade da utilização de medicamentos em Portugal ao longo das últimas quase três décadas, o recurso a fármacos também permitiu aumentar em 280 milhões de euros o rendimento anual das famílias portuguesas, ao dar a possibilidade aos doentes de voltarem à vida ativa mais rapidamente, e reduzir o número de hospitalizações, garantindo poupanças ao sistema de saúde.

O estudo baseia-se em informações de bases de dados portuguesas e mundiais, em fontes oficiais e em várias dezenas de entrevistas para avaliar o impacto humano, social e económico da utilização de medicamentos em Portugal, a partir de oito doenças selecionadas para refletir a diversidade de enfermidades que afetam os portugueses e os benefícios que os medicamentos podem ter em diferentes doenças — desde a diminuição dos sintomas à reversão da própria doença: VIH/sida; esquizofrenia; artrite reumatóide; diabetes; cancro do pulmão; insuficiência cardíaca crónica; cancro colo-rectal; e doença pulmonar obstrutiva crónica.

No que toca ao impacto humano, o estudo conclui que desde 1990 a utilização de medicamentos já permitiu adicionar dois mil milhões de anos de vida saudável aos portugueses. Esses anos de vida podem ser avaliados em entre 60 e 80 mil milhões de euros, tendo em conta a produtividade dos doentes e as poupanças em hospitalizações, entre outros fatores. Segundo o estudo da Apifarma, o benefício económico destes anos de vida saudável é superior ao dinheiro investido na produção de medicamentos. No mesmo período, a utilização de medicamentos evitou mais de 110 mil mortes em Portugal e contribuiu para o aumento de até 10 anos da esperança média de vida dos doentes.

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Ao mesmo tempo, o estudo aponta os benefícios da introdução de terapias inovadoras e de novos medicamentos na redução da mortalidade em doenças como a sida ou o cancro colo-rectal, e na melhoria da qualidade de vida em doentes com esquizofrenia ou com doença pulmonar obstrutiva crónica.

Segundo o estudo da Apifarma, a utilização de medicamentos permitiu também ao Estado poupar cerca de 560 milhões de euros por ano nas últimas quase três décadas, evitando custos com hospitalizações, cirurgias, consultas e medicamentos sem receita médica. Segundo os autores, a poupança só nas oito doenças selecionadas para o estudo é suficientemente para cobrir os custos operacionais do Hospital de Santa Maria e do Hospital Pulido Valente todos os anos.

O estudo foca-se também no impacto da indústria farmacêutica na economia nacional, apresentando-a como um setor produtivo que contribui com mais de 4 mil milhões de euros para o PIB nacional e que emprega cerca de 50 mil pessoas em toda a cadeia de valor.

O congresso da Apifarma no qual vai ser apresentado o estudo decorre esta terça-feira no Centro de Congressos de Lisboa com a presença do secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Francisco Ramos.