Andrea Pirlo foi provavelmente um dos jogadores com mais classe nos relvados na última década. Ao contrário de tantos outros exemplos, desceu na posição que ocupava em campo não para ser ainda melhor, porque seria o melhor onde quer que estivesse, mas para interpretar um papel de primeiro construtor de jogo à frente da defesa que cada vez parece ter menos espaço dentro da ditadura tática das principais equipas europeias. Era um artista, com e sem bola. Por isso, quando hoje fala, é lei.

“O Cristiano Ronaldo trouxe um valor acrescentado à Juventus que não está apenas nos golos mas também no exemplo que dá em campo e pelos sacrifícios que faz nos treinos. Com isso, jogadores como Dybala olham para ele e veem um estímulo. Esse é o maior presente que Ronaldo deu à equipa”, destacou esta semana, também a propósito do bom momento que o argentino tem vindo a atravessar nos últimos jogos. Coincidência ou não, foi uma fotografia de ambos que marcou a conferência de imprensa de antevisão de Massimiliano Allegri antes da receção da Vecchia Signora ao Cagliari.

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“A fotografia de Dybala? “Bem, o nosso plano é claro: de longe, bate o Cristiano os livres; se a bola estiver mais próxima da área, e dependendo do lado, os executantes são o Dybala e o Pjanic. Cristiano é um inteligente e aceita isso sem problemas. Até agora tivemos poucos livres perto da área e na zona frontal. Também temos de melhorar nos cantos e nos livres laterais”, disse o técnico italiano, a propósito da imagem de CR7 e Dybala que tinha ao lado um papel com as instruções nas bolas paradas. E tocou ainda num outro ponto – o desempenho defensivo. “Estamos a consentir muitos golos. Sete agora são 28 no final, com 28 golos sofridos há o risco de comprometermos o Campeonato. Aliás, com 30 não se vence o titulo”, destacou.

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Esta noite, nem a Juventus melhorou muito no rendimento nas bolas paradas, nem a defesa conseguiu manter a baliza a zeros. No entanto, esta foi mais uma noite em que os campeões transalpinos fizeram história. O costume.

Entre Campeonato e Liga dos Campeões, Juventus soma 13 vitórias e apenas um empate (MARCO BERTORELLO/AFP/Getty Images)

Dybala, logo no primeiro minuto, inaugurou o marcador num lance que foi visto e revisto pelo VAR até ser aceite com o devido retomar da partida com mais de três minutos. Parecia que estava ali o início de mais um triunfo “sem espinhas”, que podia ser melhorado caso o cabeceamento de Matuidi fosse enquadrado com a baliza (8′). No entanto, lá apareceu o problema do costume: basta a Juventus abrandar um pouco o ritmo e arrisca-se a sofrer, como voltou a acontecer. E de novo por um jogador que passou por Portugal, tal como já tinha acontecido com o Génova (Bessa), neste caso João Pedro Galvão, ex-Estoril.

As contas podiam complicar-se mas, menos de dois minutos depois, Bradaric teve um desvio infeliz para a própria baliza, enganou o guarda-redes Cragno e colocou de novo a Juventus na frente aos 38′. Faltava a marca de Ronaldo na partida mas o máximo que conseguiu foi acertar no poste nos descontos da primeira parte, na melhor oportunidade que teve nos 45 minutos iniciais. No segundo tempo, o português teve outras hipóteses, de bola parada ou corrida, mas deixou o seu nome na ficha aos 87′ quando, num contra-ataque, surgiu numa situação de 2×1 e assistiu Cuadrado para o 3-1.

Com mais um triunfo, o décimo em 11 partidas, a Vecchia Signora carimbou o melhor arranque de sempre do clube no Campeonato, mantendo os seis pontos de avanço para Inter e Nápoles, que já tinham ganho esta jornada. Da parte de Ronaldo, que com sete golos nas primeiras dez rondas igualou o registo de John Charles que tinha 60 anos, ficou mais uma assistência. E a certeza de que, a marcar, a assistir ou simplesmente a inspirar, como Pirlo destacara, o português continua a fazer a diferença e a ser adorado em Turim, como se percebeu quando recebeu uma camisola alusiva aos 400 golos no Campeonato entre Manchester United (Inglaterra), Real Madrid (Espanha) e Juventus (Itália) das mãos do presidente do clube.