Para quem costuma acompanhar a NBA, esta nova temporada está a ser uma autêntica aventura. E nem tem tanto a ver com as equipas que lideram as Conferências, que entre uma ou outra surpresa são mais ou menos aquelas que na teoria eram apontadas a essas posições, mas sim com a qualidade ofensiva dos encontros. Exemplo prático disso, as primeiras jornadas trouxeram uma média de pontos que não se via há 49 anos na principal competição de basquetebol dos Estados Unidos. Por cá, até por haver menos oito minutos por jogo, a realidade não tem nada a ver. Mas o início deste clássico foi prometedor.

Se é verdade que, na última temporada, Benfica e FC Porto já se conheciam de trás para a frente – fizeram quase dez jogos entre si entre várias provas e torneios –, esta época a realidade mudou. E mudou porque, sobretudo na preparação dos encarnados, (quase) tudo foi mexido: chegou um novo treinador (Arturo Álvarez, primeiro espanhol a treinar a modalidade na Luz), vieram oito novos jogadores e teve início um novo projeto que até começou com um revés, quando o americano Kris Joseph, que passou pelos Boston Celtics e pelos Brooklyn Nets, acertou a rescisão após contrair uma lesão com gravidade. No lado dos azuis e brancos, houve menos alterações mas os adeptos visitados não esqueceram uma das principais contratações no último Verão – João Soares, internacional português que trocou de rivais e foi assobiado sempre que tinha a bola.

Assim, o duelo entre técnicos espanhóis deveria ser teoricamente mais aberto pela fase precoce da época que atravessamos. Álvarez descreveu Moncho López como “um cavalheiro”, o treinador dos dragões destacou o “trabalho magnífico” do homólogo dos encarnados nos últimos dois anos. Elogios à parte, ambos queriam ganhar o primeiro clássico da temporada. E lideraram duas equipas com qualidade, variedade de recursos no plano ofensivo e uma intensidade que não é habitual ver na Liga portuguesa, que tem como campeão a Oliveirense – que soma por triunfos os jogos disputados.

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Dando prolongamento à boa exibição feita na Bulgária frente ao Rilski Sportist a meio da semana (que valeu a primeira vitória na fase de grupos da FIBA Europe Cup), o FC Porto conseguiu alternar da melhor forma a eficácia no jogo exterior com a exploração de Borovnjak, um poste certinho como os ponteiros do relógio apesar da boa oposição de Cláudio Fonseca, mas teve sempre réplica à altura das águias, que nunca deixaram os visitantes dispararem no marcador. Era triplo lá, triplo cá, com 18 pontos marcados em apenas três minutos (8-10) e percentagens acima dos 50% da linha de três. Os números estatísticos ainda baixaram um pouco mas, no final do primeiro período, o 20-25 expressava bem a qualidade dos dez minutos.

No segundo quarto, com Borovnjak cada vez mais chamado ao jogo com sucesso nas zonas interiores, o FC Porto chegou a ter a oportunidade de colocar o jogo a uma distância de dois dígitos mas Álvarez mexeu bem na equipa e conseguiu encostar nos dragões (31-33 a 5.49 minutos do intervalo) com a entrada de Miguel Maria, com dois triplos providenciais para levantar o conjunto encarnado. Alex Suárez, outro dos reforços para a presente temporada, colocou mesmo o Benfica na frente com dois lances livres (38-37), retomando um equilíbrio que se manteria até ao intervalo (45-47).

No reatamento, baixaram as percentagens de lançamento na globalidade, aumentou a emoção e imprevisibilidade. E tudo porque a alternância do resultado, que coincidia com períodos à vez de maior inspiração, tão depressa colocava os dragões com margem na frente como tinha as águias no comando do marcador e com posse de bola: em quatro minutos, o FC Porto disparou para 11 pontos de avanço (49-60); depois, com Micah Downs como grande galvanizador, o Benfica aumentou a agressividade defensiva – com momento de campo inteiro – e adiantou-se (61-60) até a novo empate a 64 no final do terceiro período.

Nos derradeiros dez minutos, apesar da subida de rendimento de Will Sheehey nos azuis e brancos (uma das grandes armas no ataque de Moncho López), o Benfica manteve a intensidade e agressividade defensivas e acabou por explorar o visível desgaste físico do FC Porto, que se foi mostrando mais previsível nas ações ofensivas. A quatro minutos do final, Alex Suárez, com um triplo, colocou os encarnados com a máxima vantagem no encontro (83-75) que não mais seria desfeita apesar da reação dos visitantes. No final, os comandados de Arturo Álvarez ganharam por 93-88.

Com este resultado, e depois dos triunfos com Terceira Basket (82-65), Esgueira (89-69), Lusitânia (89-69) e V. Guimarães (74-71), o Benfica soma por triunfos os cinco encontros realizados na Liga de basquetebol, ao passo que o FC Porto, que começou com duas vitórias (Imortal, 94-65; Ovarense, 79-76), somou o terceiro desaire seguido (antes perdera com Terceira Basket, 86-75, e Lusitânia, 85-78). A Oliveirense é a única equipa a par dos encarnados que ainda não perdeu no Campeonato.