O negócio não tem estado a correr sobre rodas para a Jaguar Land Rover (JLR), o grupo que engloba ambas as marcas inglesas. Por um lado, o Brexit, que além de colocar uma série de nuvens negras sobre o futuro de qualquer construtor que dependa das fábricas que possui no Reino Unido, tem limitado fortemente a economia dos países que o constituem, com as vendas de veículos novos a caírem de forma consistente. Como se isto não bastasse, a quebra na procura de motores diesel tem provocado também uma redução nas vendas de veículos do grupo, uma vez que as duas marcas da JLR há muito que se apoiavam em motorizações a gasóleo. A mais recente preocupação da JLR foi a redução geral das vendas no mercado chinês, onde os seus veículos eram muito apreciados e procurados. Todas juntas, estas condições criaram uma tempestade perfeita, para a qual só agora o grupo inglês parece ter encontrado uma solução.
Denominado Project Charge, o plano para a recuperação da JLR visa incrementar o cash flow em 2,5 mil milhões de libras (cerca de 2,85 mil milhões de euros), isto enquanto persegue uma redução dos custos ao longo dos próximos 18 meses. Simultaneamente, pretende introduzir, até 2020, versões híbridas ou eléctricas em todos os modelos fabricados, tanto pela Jaguar como pela Land Rover. O grupo aponta o eléctrico I-Pace e o reinventado Land Rover Defender como parte integrante desta determinação de se tornar rentável. Se o optimismo em relação ao I-Pace nos parece excessivo, pois o excelente SUV eléctrico é produzido pela Magna, não pela JLR e ao ritmo de apenas 15.000 unidades por ano, já o mesmo não acontece com o novo Defender, que sempre foi um dos veículos mais emblemáticos da Land Rover.
A JLR previa que o incremento dos lucros começasse a ser evidente já no final de 2018, mas espera agora que o break even surja em Março 2019, no final do “seu” ano fiscal. E tudo indica que está no bom caminho, pois desde que iniciou a recuperação, há cerca de seis semanas, já cortou custos em mais de 341 milhões de euros e, segundo a Automotive News Europa, está já a trabalhar em mais 500 ideias para continuar a reduzir os custos de produção.
De recordar que a Tata comprou a Jaguar e a Land Rover à Ford em 2008, que juntou numa empresa única, e que a JLR acusou perdas de 101 milhões de libras (115 milhões de euros) no 3º trimestre de 2018. As vendas do grupo caíram 13,2% no mesmo período, para 130.000 unidades.