Não estava propriamente a ser o dia mais fácil para o PSG, que fora de campo já vive um período de alguma indefinição face ao braço de ferro entre o diretor desportivo Antero Henrique e o treinador Thomas Tuchel. De manhã, soube-se que Marco Verratti tinha sido multado pelo clube, ficando sem o prémio mensal previsto contratualmente para o bom comportamento, depois de ter sido apanhado esta semana pela polícia a conduzir sob o efeito de álcool (no dia seguinte, reportou a situação e pediu desculpa pelo sucedido); à tarde, começaram a rebentar as primeiras “bombas” do Football Leaks, que colocavam os parisienses como protagonistas principais de um filme onde Gianni Infantino, agora líder da FIFA que na altura estava como secretário geral da UEFA, tinha sido uma das pessoas a ajudar o conjunto gaulês a contornar as regras do fair play financeiro de forma ilegal. Nisto, chegou o autocarro da equipa ao Parque dos Príncipes. Chegou Neymar, chegou Mbappé. E tudo mudou.

Os dois avançados, que têm uma relação cada vez mais próxima (para mal de Cavani, que estará a sentir-se excluído e pode pedir para sair do clube), ainda continuam na onda do Halloween e apresentaram-se no recinto, menos de duas horas antes da receção ao surpreendente Lille, mascarados ao estilo de La Casa de Papel – e ainda tiraram por momentos a máscara, para não haver dúvidas de que eram mesmo eles. Um clima de festa que se prolongou pelo aquecimento e pelo jogo.

Depois do nulo ao intervalo, o PSG conseguiu apenas quebrar a resistência dos comandados de Christophe Galtier a 20 minutos do final e pelo suspeito do costume: após um passe de Neymar, Mbappé preferiu arriscar um remate em jeito de fora da área em vez de explorar a velocidade e marcou o melhor golo da noite, aumentando os números de sonho neste arranque de temporada na Ligue 1 – oito jogos, 11 golos (apontou ainda mais dois noutras competições que não o Campeonato).

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A seis minutos do final, mudaram os intérpretes mas manteve-se o mesmo fim: Neymar combinou à entrada da área com Mbappé, ajeitou a bola e disparou para o 2-0 que sentenciava o encontro. O máximo que o Lille – que contou com José Fonte e Rafael Leão no onze inicial (Rui Fonte entrou no decorrer da segunda parte) – conseguiu foi reduzir o resultado nos últimos instantes da partida, com Nicolas Pépé a bater Gianluigi Buffon de grande penalidade e a fazer o 2-1.

No final, festa no Parque dos Príncipes: com mais um triunfo, o PSG não só passou a ter uma vantagem de 11 pontos sobre o segundo classificado (que continua a ser o Lille) quando estão apenas cumpridas 12 jornadas como estabeleceu um novo máximo de vitórias consecutivas no arranque de uma das cinco principais ligas europeias, destronando um registo que pertencia ao Tottenham há quase 60 anos e que tinha sido igualado na deslocação a Marselha do passado domingo. Os principais protagonistas desta série até podem ter custado o exorbitante valor de 402 milhões de euros (222 de Neymar, 180 de Mbappé) mas parece valer a pena tendo em conta o retorno desportivo e financeiro que têm dado ao campeão gaulês.

Mbappé atrasou-se a ver o Barça-Real, começou no banco de castigo e entrou para fazer um golo histórico