As chuvas e os ventos fortes que estão a atingir Itália desde o passado domingo já provocaram pelo menos 29 vítimas mortais, destruíram 14 milhões de árvores e os prejuízos devem chegar já aos milhares de milhões de euros.  O balanço do número de mortos aumentou este domingo: doze pessoas, incluindo uma família de nove, morreram nas províncias de Palermo e Agrigento, na região da Sicília, em Itália, devido às inundações causadas pela subida das águas do rio, informaram autoridades locais.

Os bombeiros encontraram os corpos dos nove membros de uma família, incluindo crianças de um, três e 15 anos, na sua casa em Casteldaccia, junto a pequeno rio, relata a agência noticiosa AFP. Segundo o perfeito da localidade, este era um edifício que devia ter sido demolido em 2008. Em declarações à imprensa italiana, Giovanni Di Giacinto afirmou que a autarquia tinha “ordenado a demolição do imóvel há dez anos”. Uma decisão que acabou por não ser acatada porque o seu proprietário impugnou o processo, que até hoje não conheceu desfecho final.

Inundações fazem 12 mortos na região italiana da Sicília. Nove são da mesma família

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Com a exceção das vítimas da região da Sicília, a maioria das pessoas perdeu a vida depois de ser atingida pela queda de árvores. A Coldiretti, uma associação de empresas agrícolas italianas, informou, através de um comunicado que os vendavais destruíram cerca de 14 milhões de árvores. A maioria no norte do país. “Vamos precisar de pelo menos um século para regressar à normalidade”, anteviu. Na região de Veneto, onde os ventos chegaram a atingir os 190 km/h, a famosa “Floresta Violino” ficou seriamente danificada.

A zona do nordeste foi, de resto, a mais afetada pela tempestade. Nas regiões de Trentino e Veneto, ambas no norte de Itália, os deslizamentos de terra têm obrigado ao corte de estradas. Angelo Borrelli, o chefe da agência de Proteção Civil, considerou ainda que a situação em Veneto era “apocalíptica”. Já em Veneza, os estragos têm sido causados sobretudo pelas inundações.

A Praça de São Marcos teve mesmo de ser evacuada na segunda-feira depois de a “acqua alta” (“água alta”, em tradução livre) ter atingido um pico de 156 centímetros — um nível para o qual os passadiços de madeira habitualmente dispostos para permitir circular a seco em caso de inundação já não são seguros.

De acordo com informações transmitidas pelo New York Times, a própria catedral de São Marcos foi danificada pelas inundações. A água atingiu parte do piso na parte central da basílica e cobria ”várias dúzias de metros quadrados” do pavimento de mármore, que se encontra em frente ao altar da Maddonna Nicopeia, um ícone do século XII, informou o conselho responsável pelo edifício em comunicado. Perto da entrada da basílica, a água chegou a atingir os 89 cm de altura, durante cerca de 16 horas.

É a sexta vez na história recente da cidade que a “acqua alta” ultrapassa os 150 centímetros: atingiu 151 centímetros em 1951, 166 em 1979, 159 em 1986, 156 em 2008 e um recorde de 194 centímetros em novembro de 1966.