Philip Green tem uma fortuna avaliada em 2.500 milhões de euros e o seu império chegou a representar 12% da indústria têxtil do Reino Unido. Aos 66 anos, Green era dono de uma das maiores cadeias de lojas de venda de retalho a nível mundial, a Topshop. O magnata inglês rodeava-se de pessoas influentes — artistas, políticos, jornalistas —, mas a sua vida deu uma volta de 180 graus quando foi acusado de abusos sexuais, verbais e discriminação racial. Agora, até os amigos lhe viram as costas, noticiou o jornal espanhol El País. 

Às suas festas, nas ilhas Maldivas ou na costa do México, iam personalidades conhecidas como a modelo Kate Moss ou o cantor Robbie Williams. Em 2006, o primeiro-ministro Tony Blair, chegou a conceder-lhe o título de cavaleiro ”pela sua contribuição para indústria têxtil do Reino Unido”. Este título ser-lhe-ia retirado mais tarde.

Os frequentadores assíduos das famosas festas do multimilionário, são os primeiros a não querer ser associados ao mais recente símbolo do MeToo no Reino Unido. Durante vários anos, foi Green quem abafou os casos, pagando elevadas quantias de dinheiro (no total cerca de 1 milhão de libras, ou 1,1 milhões de euros) a funcionários das suas lojas, alegadamente vítimas de abusos sexuais e discriminação racial.

Philip Green, multimilionário inglês, pagava milhões para silenciar as vítimas de assédio sexual

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De acordo com o jornal espanhol, as acusações contra Green até poderiam ter sido reveladas mais cedo. Isto porque o jornal inglês The Daily Telegraph esteve prestes de desvendar a sua identidade, quando este foi alvo de uma investigação judicial, que durou sete meses. Só que na altura, o jornal foi impedido judicialmente de revelar o seu nome, por questões de confidencialidade.

O caso viria a ser revelado por quem menos se esperava. Peter Hain, do partido trabalhista, decidiu utilizar a imunidade que lhe dava a sua posição no parlamento britânico para revelar o que o Telegraph não pôde. Philip Green ameaça interpor uma ação judicial contra o deputado Peter Hain, acusando-o de ter omitido que trabalhou ocasionalmente para um escritório de advogados  que representava o jornal The Daily Telegraph.

Vários deputados britânicos também se escandalizaram pela forma como Haid expôs a situação de Green. A própria primeira-ministra britânica, Theresa May, sugeriu ao Governo fazer uma revisão das condições em que se aplicam as cláusulas de confidencialidade aplicáveis aos deputados.

Filho de um empresário ligado ao negócio das lavandarias e do aluguer de apartamentos em Londres,  o excêntrico multimilionário começou a ganhar dinheiro comprando a roupa que sobrava de empresas falidas, para depois a vender em mercados locais.

Hoje em dia, Green mantém um nível de vida de luxo: numa semana vive numa suite do Hotel Dorchester, em Londres, e no fim semana voa no seu jato privado para o Mónaco, onde, por questões fiscais, mantém a residência. Por vezes muda de destino e embarca no seu iate Lionheart, avaliado em 120 milhões de euros.

No entanto, nos últimos anos — especialmente após a divulgação dos casos — a sua fortuna tem caído e apenas a Topshop continua a ser rentável, mantendo-se como uma das marcas líderes nas vendas online.