O Presidente Donald Trump pediu a demissão do seu procurador-geral, Jeff Sessions, esta quarta-feira, um dia depois das eleições intercalares.

A informação foi confirmada pelo próprio no Twitter, que anunciou que o chefe de gabinete de Sessions, Matthew G. Whitaker, ocupará temporariamente o cargo de procurador-geral dos Estados Unidos, até ser nomeado o novo sucessor.

Na carta de demissão, a que o New York Times teve acesso, Sessions confirma que se demite “a pedido do Presidente”. “No meu mandato como procurador-geral, restaurámos e mantivemos o Estado de Direito”, declara o procurador demitido. O vice-procurador-geral, Rod Rosenstein, deverá manter-se no cargo, com a responsabilidade da investigação às suspeitas de conluio com a Rússia, segundo avança a CNN.

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Esta investigação é a principal pedra no sapato na relação entre Trump e Sessions. O Presidente nunca gostou do facto de Sessions ter pedido escusa da investigação às ligações da campanha Trump ao Kremlin, passando para Rosenstein, seu vice, a responsabilidade de nomear um conselho especial depois de Trump ter demitido o diretor do FBI, James Comey. “Que tipo de homem é este?”, questionou Trump à altura sobre a decisão de Sessions.

Em março, os dois trocaram novos galhardetes. O Presidente acusou Sessions de “nunca ter assumido o controlo do Departamento da Justiça” e o procurador-geral respondeu à letra: “O Departamento da Justiça não será influenciado de forma imprópria por considerações políticas.”

A decisão de não colocar Rosenstein no lugar de Sessions pode indicar, como aponta o New York Times, que Trump se pode estar a preparar para demitir o procurador-especial Robert Mueller, responsável pela investigação russa — já que a decisão tem de ser tomada pelo procurador-geral em funções e tanto Sessions como Rosenstein tinham afastado essa possibilidade.

Eric Holder, procurador-geral do Presidente Barack Obama, já reagiu a essa possibilidade. “Quem quer que tente interferir ou obstruir o inquérito de Mueller deve ser responsabilizado. Esta é uma linha vermelha”, declarou no Twitter.

Jeff Sessions foi um dos apoiantes mais antigos de Trump na política, tendo sido o primeiro senador a declarar apoio à candidatura do milionário à presidência. Sessions sempre apoiou grande parte das ideias políticas de Trump, defendendo um combate firme à imigração, por exemplo. Contudo, a relação entre os dois acabou por se deteriorar, sobretudo pelo descontentamento do Presidente com a atuação do Departamento da Justiça. Há cerca de um ano, Trump chegou a dizer-se “muito frustrado” por o seu procurador não estar a investigar Hillary Clinton.