A Cupra, que durante anos foi a denominação das versões mais desportivas dos modelos da Seat, evoluiu para construtor independente, sempre pertença da Seat, mas com gama própria, filosofia e emblema distintos. Em termos internos, o que a Seat fez foi tornar a sua antiga divisão desportiva, a Seat Sport, que representou até aqui a marca no WRC, no Dakar e no WTCC e que já era uma entidade separada, na nova Cupra SA, alterando-lhe apenas a denominação comercial e atribuindo-lhe novos e mais complexos objectivos. Isto além de incrementar o número de funcionários em 50% e convidar o italiano Antonino Labate, que lançou a Abarth como marca individualizada da Fiat no grupo FCA, para liderar o novo construtor desportivo do grupo Seat.

Apesar da mudança de denominação, a Cupra SA manteve os responsáveis pela antiga Seat Sport, que sempre produziu excelentes carros de competição e que ainda hoje desenvolve os Leon Cupra que participam no Campeonato do Mundo de Carros de Turismo (WTCC) e o E-Racer, o Cupra eléctrico que está a ser preparado para servir de base para o futuro E-TCR, o campeonato mundial de veículos eléctricos que vai arrancar em 2020.

À frente de tudo o que técnico está Jaime Puig, até aqui o responsável pela Seat Sport, enquanto a afinação dos modelos e a optimização do comportamento fica a cargo de Jordi Gené, o piloto da casa nas provas de turismos. É a estes dois que cabe garantir que os Cupra são “mesmo” divertidos de conduzir e, nas palavras de Labate, “sem compromissos”.

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Como é o Cupra Ateca?

Exteriormente, torna-se óbvio que herda a base do SUV Ateca da Seat, o que não impede o modelo de se assumir como um caso à parte. A nova grelha, com o emblema da Cupra em cobre, uma menor altura ao solo e pneus de maior diâmetro e mais largos conferem-lhe um ar mais agressivo, servindo ainda de base a um comportamento mais eficaz. As quatro saídas de escape, duas de cada lado e todas elas funcionais, melhoram a estética e o rugido, especialmente a alto regime ou em desaceleração. Novas cores mais agressivas apuram o conjunto, que ainda assim exibe uma filosofia mais séria e consensual, pelo menos em termos cromáticos.

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Por dentro há muito mais equipamento oferecido de série (que pode consultar aqui), com bancos envolventes em Alcantara, material que também surge nos painéis de portas, sendo que tudo o resto é similar aos restantes Ateca. Mas da tampa da bagageira, que abre e fecha electricamente, ao Digital Cockpit, com outras potencialidades gráficas, passando por faróis LED à frente e atrás, e pelo Top View 360º, solução muito útil nas incursões pelo todo-o-terreno – para analisar o que se passa à volta do veículo –, o primeiro dos Cupra tem de tudo. Inclusivamente um sistema multimédia com as aplicações Shazam e Alexa, a primeira para identificar em segundos a música que está a ouvir e a segunda para nos permitir controlar a maioria das funções do veículo apenas por comandos de voz.

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Como extra no Cupra Ateca, apenas umas baquets ainda mais desportivas, mas que são igualmente mais volumosas, de que não ficámos fãs, bem como uns espectaculares discos e maxilas da Brembo (ventilados, perfurados e com 370 mm de diâmetro, além das pinças de quatro pistões), que testámos e de que ficámos clientes, exibindo uma resistência total ao aquecimento, mesmo numa utilização mais intensiva. Pode ver aqui, em pormenor, a lista dos opcionais disponíveis.

Que mecânica monta este Ateca?

O motor ao serviço do Cupra é o 2.0 TSI de 300 cv, similar ao que já conhecíamos no Leon Cupra, mas com as devidas alterações para respeitar as normas antipoluição devidas ao WLTP, o que passa pela montagem de um filtro de partículas. Com 300 cv e uma força de 400 Nm, para mais estáveis entre as 2.000 e as 5.200 rpm, este motor de quatro cilindros é muito calmo e progressivo, caso seja utilizado em condições normais, ou seja, em ritmo de passeio e em modo Comfort – que suaviza o motor, a caixa e a direcção (que é progressiva) –, para depois se transformar num caso sério num andamento mais vivo. É aqui que revela a facilidade com que atinge 247 km/h de velocidade máxima, ou que passa pelos 100 km/h em apenas 5,2 segundos (com Launch Control), valores que não deixam ninguém indiferente, especialmente para um modelo com estas características.

Acoplada ao motor está uma caixa DSG de sete velocidades, uma unidade com dupla embraiagem que se revela extremamente rápida. E para garantir que a potência é colocada no solo sem problemas, seja ele asfalto seco ou terra húmida e escorregadia, o SUV da Cupra recorre a um sistema de tracção integral 4Drive, que não só garante que potência passa para as rodas que têm aderência, caso alguma (ou algumas) a perca, como no modo de condução Cupra, o mais desportivo, é capaz de deslocar para as rodas posteriores mais potência, para melhorar o comportamento do modelo, impedindo-o de fugir de frente em aceleração.

E dá gozo conduzir?

Dá e para o provar, a Cupra fechou um troço de estrada asfaltada e convidou-nos a ‘apertar’ com o SUV como se fosse um carro de corridas. Foi aqui que tivemos oportunidade de pôr à prova o Launch Control, para depois constatar que apesar do SUV ser mais alto do que uma berlina convencional (e mais pesado), revela uma eficácia notável. Que Gené já nos tinha prevenido que iríamos encontrar, mas que julgávamos pouco provável.

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Esta agilidade foi conseguida à custa de molas e amortecedores mais duros, com o eixo traseiro (independente do tipo multilink) a montar ainda uma barra estabilizadora (que os outros Ateca não têm), para tornar a traseira mais rígida e, logo, mais ágil em curva. E como estávamos ao volante de um SUV, aproveitámos para ‘atacar’ uma berma ou outra, o que não é um problema dado a maior altura ao solo, com o Cupra a responder bem e sem arrastar a frente para fora, como 4×4 que é, devido ao efeito conseguido com a deslocação da potência para a traseira.

É claro que o Cupra Ateca fica mais duro do que os restantes, o que não chega a ser um problema, basicamente porque, como está equipado com suspensão regulável, basta optar pelo modo “Normal” para conseguir um grau de conforto mais compatível com um ritmo de viagem. E se perante uma condução mais agressiva o consumo médio sobe facilmente para 15 litros, uma vez em auto-estrada baixa rapidamente para 6,5 litros, desde que se circule dentro dos limites legais.

Quando chega a Portugal e por quanto?

O novo Cupra Ateca vai estar disponível no nosso país a partir do início de Dezembro, por 52.494€, o que é de longe o melhor valor do mercado para um SUV desta bitola, com filosofia desportiva, 300 cv e tracção integral. As marcas generalistas não têm concorrentes deste gabarito, enquanto os construtores premium apontam a preços mais elevados.

Segundo Rodolfo Florit, director-geral da Seat Portugal, “a introdução do Cupra em Portugal vai coincidir com a abertura do primeiro corner da nova marca, num stand da Seat, localizado no prédio do Entreposto, em Lisboa”. As áreas de exposição vão alargar-se em 2019 ao resto do país, estando uma “segunda prevista para o Porto, a que se somará mais uma ou duas na zona centro”, revelou o responsável pela marca. O gestor catalão aproveitou ainda para chamar a atenção para o facto de, mais do que vender Cupra, operação que está aberta a qualquer concessionário da Seat, “as áreas específicas da nova marca vão proporcionar experiências distintas, estando igualmente previstos tratamentos diferenciados ao nível do atendimento e da assistência”.

E depois do Ateca, que mais tem a Cupra?

Antonino Labate esconde umas cartas na manga e está visivelmente animado com o programa de novos modelos que a Cupra tem para introduzir no mercado nos próximos dois anos.

Depois do Ateca, a Cupra vai lançar uma nova versão do actual Seat Leon Cupra, o R ST, logo no início de 2019, para depois surgir com um modelo especial antes do final do ano”, antecipou, embora sem levantar uma pontinha do véu sobre as características ou a forma do veículo em causa.

Labate revelou, isso sim, que 2020 irá ser outro ano pautado pelo dinamismo, uma vez que, “além dos novos Cupra Leon e Cupra Leon ST, será também lançado um CUV”, ou seja, um SUV com forma de coupé, derivado do protótipo 2020.

Os novos modelos que, em breve, vão complementar a gama da Cupra

Não é fácil nem barato criar uma nova marca, com a Seat a pretender que a Cupra represente os interesses do fabricante espanhol junto de uma clientela jovem – se não de idade, pelo menos de espírito -, mas exigente no gozo que quer retirar da condução do seu veículo. Prazer garantido em qualquer tipo de piso e em todas as condições é o objectivo, sem impedir que o modelo sirva quem pretenda deslocar-se em ritmo de passeio, na cidade ou no campo.

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Questionado sobre o futuro da Cupra para depois de 2020, numa fase em que é óbvio que todo o Grupo Volkswagen vai apostar fortemente nos veículos eléctricos e electrificados (híbridos e híbridos plug-in), Antonino Labate não tem dúvidas:

Quando todos estiverem a produzir híbridos e eléctricos, também a Cupra fabricará esse tipo de veículos, mas sempre com a nossa filosofia, apontada a quem gosta de se divertir ao volante.”

E nem será difícil para a Cupra extrair um pouco de emoção de um modelo eléctrico, especialmente depois de todo o trabalho com o desenvolvimento do E-Racer.