Mais cedo ou mais tarde, as motorizações eléctricas vão chegar à indústria náutica. Talvez não necessariamente com motores alimentados por baterias, por sua vez alimentadas através da rede eléctrica, mas muito provavelmente com sistemas com produção de energia a bordo, com recurso a células de combustível a hidrogénio. Mas isto no caso de navios optimizados para grandes deslocações, uma vez que para embarcações tipo ferry, que realizam pequenas deslocações, seguidas de períodos de espera enquanto estão a descarregar e carregar – durante as quais podem alimentar a bateria –, as baterias são a solução mais fácil e barata. Pelo menos, de momento.

A decisão de adquirir embarcações eléctricas foi tomada pelo Canadá, que encomendou à Damen Shipyards dois ferries, que por sua vez solicitou à Schottel que desenvolvesse os necessários sistemas de propulsão. Ambos os ferries vão ver os seus motores eléctricos alimentados por baterias – ainda que exista um motor diesel para funcionar como backup, em caso de avaria –, de forma a garantirem uma velocidade de 22 km/h, o habitual neste tipo de navios.

Os dois ferries têm características distintas, com o Amber Island (a entregar em 2020), o mais pequeno, a ter um comprimento de 68 metros, sendo capaz de transportar 300 pessoas e 42 veículos, enquanto o Wolf Island (2021) é maior, atingindo 98 metros, o que lhe permite acomodar 399 passageiros e 75 carros. As duas embarcações vão recorrer a dois motores de 550 kW cada, cerca de 750 cv, e estão preparadas para enfrentar águas cobertas de gelo – ou não fossem operar no lago Ontário e no rio São Lourenço, sendo ambos da classe Ice Class 1A.

Com estas duas aquisições, o Ministério dos Transportes canadiano espera reduzir as emissões de dióxido de carbono em 7 mil toneladas por ano, um valor interessante para apenas dois navios que percorrem, em qualquer dos casos, distâncias reduzidas. Especialmente, se tivermos em conta que um veículo automóvel emite em média 4,5 toneladas de CO2 por ano.

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