O Presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, afirmou esta sexta-feira, no Facebook, que o seu futuro ministro da Justiça, Sérgio Moro, irá combater intensamente a corrupção através de “uma rede de 500 metros”, garantindo uma mudança de métodos.

“Moro vai pegar vocês, corruptos. Antes, ele pescava de varinha [cana de pesca], agora vai ser com rede de arrastão de 500 metros”, disse Bolsonaro num vídeo publicado na sua página no Facebook, reafirmando a confiança que depositou no juiz Sérgio Moro no que respeita ao combate à corrupção no país.

O recém-eleito Presidente reiterou que Moro terá carta branca para trabalhar e afirmou que lhe dará todos os meios para que isso aconteça, incluindo a garantia de apoio por parte da polícia federal.

“Ele (Moro) quer meios. Ele quer que a polícia federal esteja ali na sua guarda. Para isso tivemos que trazer o Ministério da Segurança para dentro da Justiça. Já estava nos nossos planos e ele só veio confirmar. Vamos combater o crime organizado seguindo o dinheiro”, disse Bolsonaro, manifestando a vontade de ter o conselho de controlo de atividades financeiras (Coaf) dentro do Ministério da Justiça.

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A Coaf foi um órgão criado em 1998, no Governo de Fernando Henrique Cardoso, e que identifica, monitoriza e aplica penas em caso de operações financeiras suspeitas, inclusive internacionais, em moeda estrangeira.

Bolsonaro voltou ainda a dizer que nunca conversou com o juiz federal durante a corrida eleitoral, declarando que só o fez depois da segunda volta das eleições.

Desta forma, o antigo capitão do exército tenta afastar qualquer suspeita sobre possíveis interferências no processo eleitoral e o cenário de que o convite feito a Moro para assumir o Ministério tivesse sido feito antes das eleições.

O político de extrema-direita elogiou ainda a conduta de Sérgio Moro, afirmando que o juiz decidiu abdicar da sua carreira na magistratura em prol do seu país.

“Ele (Moro) está a abrir a mão de 22 anos de magistratura. Quem faria isso pelo seu país?”, questionou Bolsonaro, num elogio ao futuro ministro da Justiça.

O juiz irá assumir em janeiro a tutela da pasta da Justiça, que vai ganhar estatuto de ‘superministério’, depois de agregar várias áreas do Governo, como a Controladoria-Geral da União e uma parte do Conselho de Controlo de Atividades Financeiras, além de acumular, também, o Ministério da Segurança.

O responsável pelo processo Lava Jato, que levou à condenação do antigo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva por corrupção, aceitou, no dia 1 de outubro, ser ministro da Justiça na administração de Jair Bolsonaro.

O Presidente eleito do Brasil aproveitou ainda a sua transmissão ao vivo na rede social Facebook para falar da formação do seu Governo, adiantando que deverá avançar mais nomes de ministros no decorrer da semana.

Bolsonaro falou da escolha da deputada Tereza Cristina, líder da chamada “bancada do boi”, para a pasta da Agricultura, afirmando que a escolha do nome dela para o cargo foi fruto da vontade do setor dos produtores rurais.

Na sua transmissão em vídeo, o ex-militar criticou o ensino da ideologia de género nas escolas, assim como o atual modelo do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) que, neste ano, abordou temas como feminismo, ditadura militar e gírias do universo LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais ou Transgéneros).

“Que interessa a linguagem daquelas pessoas? Podem ter a certeza que não vão existir essas questões no ano que vem. Apenas o que interessa ao futuro do nosso Brasil. Queremos que as crianças aprendam algo que dê futuro. Quer ser feliz com outro homem ou outra mulher, tudo bem, mas não fica frisando o assunto na escola”, afirmou.

Bolsonaro disse ainda que irá escolher um ministro da Educação que concorde com a sua visão de ensino.

Quantos aos níveis de desemprego no país – existem cerca de 12,5 milhões de pessoas sem trabalho no Brasil -, Bolsonaro disse que o problema passa pelo excesso de direitos dos trabalhadores: “O Brasil é o país dos direitos, só não há emprego. (…) Os empresários falam disso. Ou têm emprego e menos direitos, ou têm direitos e menos empregos”.

Bolsonaro firmou ainda que a meta da sua equipa económica, liderada pelo economista Paulo Guedes, é aumentar o número de empregos.