O presidente do MLSTP, maior partido da oposição em São Tomé e Príncipe, desmentiu este sábado “categoricamente” que haja “negociações oficiosas” com a Ação Democrática Independente (ADI), vencedor das eleições legislativas, para formação de um governo de base alargada.

“Eu quero desmentir categoricamente: neste momento não há nenhuma negociação quer oficial, quer oficiosa com o Governo cessante”, garantiu o presidente do Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe – Partido Social Democrata (MLSTP-PSD), Jorge Bom Jesus, à Lusa.

Na quinta-feira, o primeiro-ministro cessante e líder da ADI disse à Lusa que o partido está a fazer “contactos oficiosos” com as restantes forças para procurar apoios para um governo de base alargada, mas admitiu não chegar a formar executivo.

“Tem havido contactos oficiosos e penso que existem algumas pistas que vamos ter de explorar com boa vontade, com cedências de parte a parte. Veremos nos próximos dias para ver se há possibilidade de se avançar”, explicou Patrice Trovoada, acreditando que “as coisas estão num bom caminho”.

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“Quero esclarecer que não há, até este momento, negociação nenhuma, tanto mais que a oposição tem falado em bloco, é o MLSTP e os cinco deputados da coligação. Portanto não há qualquer negociação até este momento”, sublinhou Jorge Bom Jesus.

A ADI, partido no poder, venceu as eleições legislativas de 07 de outubro com maioria simples (25 em 55 deputados na Assembleia Nacional), enquanto o MLSTP conquistou 23 mandatos e a coligação cinco, tendo estas duas forças reclamado maioria absoluta e anunciado um acordo pós-eleitoral de incidência parlamentar e com fins governativos. Foram ainda eleitos dois deputados independentes pelo distrito de Caué.

Na semana passada, a oposição recusou dialogar com a ADI em separado, como este partido tinha proposto, o que Patrice Trovoada vê como um sinal de desconfiança.

O presidente dos sociais-democratas lembra que “houve tentativas, de facto, de marcação de um encontro, que abortou”, mas abriu a porta à possibilidade de ainda encetar diálogo com o partido vencedor, “no futuro, segundo os moldes que deverão ser definidos”, ressalvando que “nesta matéria não há imposições”.

“Quando eu digo no futuro, de facto nós somos são-tomenses, queremos o melhor para o nosso país e em política não se fecham as portas hermeticamente. Portanto, é só por isso que eu digo isto”, explicou Bom Jesus, sublinhando que atualmente “não há nenhuma base negocial”.

O líder da oposição defende que “para haver negociação é preciso definir-se as regras do jogo, o que neste momento não há”, referindo que, nos últimos quatro anos, o Governo liderado por Patrice Trovoada “levou uma política de muita arrogância, de ódio e divisão dos são-tomenses”.

“Nas negociações há valores e há princípios e neste momento nós situamo-nos nos antípodas, precisamente, daquilo que são os valores e alguns princípios do ADI em matéria de democracia, direitos humanos e ao entendimento que nós temos sobre São Tomé e Príncipe como um só povo, uma só nação”, explicou.

A Assembleia Nacional deverá ser empossada no próximo dia 22, e o Presidente da República, Evaristo Carvalho, deve chamar depois os partidos para formar executivo.