Manter a memória das vítimas “intacta e presente” no espírito de todos os franceses é a missão das associações de familiares e amigos das vítimas dos atentados no Bataclan, ocorridos faz três anos na próxima terça-feira. A cidade de Paris presta homenagem aos 130 mortos e mais de 400 feridos deste ataque  através de uma cerimónia “sóbria” e uma Torre Eiffel feita de mais de 50.000 cartas de condolência enviadas de todo o mundo.

“Sofro todos os dias, é uma cicatriz aberta que nunca fechará. Para mim, é um combate diário e uma triste realidade”, disse à Lusa Patrícia Correia, mãe da lusodescendente Precilia Correia, morta no Bataclan. Patrícia Correia é vice-presidente da associação 13onze15: Fraternité et Vérité, que junta os familiares e amigos de cerca de 350 vítimas.

Esta associação, em conjunto com a associação Life for Paris: 13 novembre 2015 (que agrupa maioritariamente os feridos dos ataques) está a organizar a homenagem às vítima. A cerimónia será “sóbria”, segundo indica o comunicado da presidência da câmara, mas servirá para lembrar “todas as vítimas no seu conjunto e também na sua diversidade”.

Contempla momentos musicais, discursos das associações das vítimas e um lançamento de balões para recordar as vidas perdidas na noite de há três anos.

“Esperamos que a memória reste intacta e que esteja sempre presente nos corações de todos. É um momento que deve ficar inscrito na memória coletiva do país”, disse Patrícia Correia, mencionando ainda a instalação artística feita por artistas alemães de uma Torre Eiffel feita de 50.000 cartas de condolências enviadas de todo o mundo, entre desenhos de crianças e cartas de adultos, que ficará em exposição até ao fim do mês de janeiro.

Ao contrário do ano passado, Emmanuel Macron não marcará presença nesta cerimónia sendo substituído pelo primeiro-ministro Edouard Philippe. A ausência do Presidente foi justificada pela realização em Paris do Fórum da Paz, que trará à capital dezenas de chefes de Estado, mas também porque não quererá fechar-se numa “comemoração permanente”, segundo o jornal Le Figaro.

A cidade de Paris está agora a estudar novas formas de homenagem às vítimas, preparando nos próximos anos um monumento evocativo, segundo Patrícia Correia. Também o Governo francês continua empenhado nos esforços de homenagem com a possibilidade de construção de um monumento no Palácio de Justiça para relembrar as vítimas.

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