Os últimos dias foram ricos em decisões, no que respeita ao combate pela melhoria da qualidade do ar, na Alemanha. De acordo com a Automotive News Europe, um tribunal decidiu que mais duas cidades, nomeadamente Colónia e Bona, devem proibir a circulação de veículos com motores diesel mais poluentes, os mais antigos, ainda equipados com filtros de partículas ou catalisadores selectivos para reduzir as emissões de NOx.

A decisão, que surge no seguimento de outras similares – e que deixa antever medidas do mesmo cariz impostas por outras cidades –, “vai provocar grande disrupção na infra-estrutura dos transportes das cidades visadas, com forte impacto nos habitantes, mas também no elevado número de pessoas que diariamente se deslocam às cidades para trabalhar”, segundo a ministra do Ambiente, Ursula Heinen-Esser.

Por outro lado, enquanto o tribunal autorizava Bona e Colónia a fechar a circulação à maioria dos motores diesel – ou talvez por isso –, os representantes dos principais construtores alemães mantinham discussões com outro ministro germânico, desta vez o dos Transportes, Andreas Scheuer. Em cima da mesa estava a determinação do esforço que as marcas locais poderiam realizar, de forma a reduzir as emissões das unidades diesel mais antigas, numa tentativa de evitar que mais cidades afastem este tipo de motores da circulação, o que provoca disputas em tribunal e custos extra para os fabricantes.

De acordo com declarações de Andreas Scheuer, no final da reunião, “os grupos Volkswagen e Daimler aceitaram suportar os custos da montagem do hardware necessário à redução das emissões dos seus motores a gasóleo”, lamentando o dirigente que a BMW não tenha ainda chegado a acordo. Volkswagen e Daimler poderão ter de investir até 3.000€ por veículo. A decisão não implicou a anulação de outra decisão anterior, onde os três grupos alemães acordaram investir um valor similar para a promoção da troca de veículos antigos, mais poluentes, por novos mais amigos do ambiente.

Scheuer vê com bons olhos os incentivos à troca de carros velhos por novos, mas defende que os fabricantes têm de suportar os custos da reconversão de carros antigos, aqueles que foram identificados mais recentemente como poluindo muito mais do que o anunciado, defraudando pois os clientes e o ambiente. O ministro alemão dos Transportes afirmou ainda que “os três grupos germânicos vão garantir que os seus clientes vão manter intacta a sua mobilidade, pelo que solicitamos aos rivais estrangeiros, como a Fiat e a PSA, que se juntem aos esforços dos fabricantes locais”.

Resta ver até que ponto os restantes países vão aderir a esta responsabilização dos fabricantes, que comercializaram modelos mais poluentes do que anunciavam, à semelhança do que está a fazer a Alemanha. A ser assim, os construtores podem ter de enfrentar despesas muito superiores àquelas que tinham antecipado ou até sejam capazes de encaixar.

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