A coligação liderada pelos sauditas aceitou a retirada de feridos Huthis do Iémen, anunciou esta terça-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, Jeremy Hunt, um dia após uma deslocação à Arábia Saudita e aos Emirados Árabes Unidos.

“As forças da coligação vão permitir às Nações Unidas supervisionar a evacuação médica, incluindo de até cinquenta combatentes Huthis feridos, para Omã antes de uma nova ronda de negociações de paz na Suécia, que deverão acontecer ainda este mês”, precisou, em comunicado, o gabinete do ministro.

A falta de acordo sobre a retirada dos combatentes feridos fez fracassar a ronda de negociações convocada pelas Nações Unidas para setembro, em Genebra, por isso, Londres estima que a autorização da coligação “nas condições acordadas” é um “enorme progresso”.

Para Jeremy Hunt, a decisão inscreve-se no quadro “das medidas de confiança” suscetíveis de permitir “o início das negociações políticas na Suécia até ao final do mês”.

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No terreno, os combates parecem ter baixado de intensidade após 12 dias de bombardeamentos no leste e sul da cidade de portuária de Hodeida, que causaram quase 600 mortos, segundo forças militares pró-governamentais e hospitalares.

Um edifício do porto de Hodeida, cidade controlada pelos rebeldes Huthis, foi alvo, na segunda-feira, de um ataque das forças leais ao Governo e apoiadas pela Arábia Saudita.

Trata-se do primeiro bombardeamento visando este porto estratégico depois da intensificação, desde o inicio de novembro, da ofensiva àquela cidade.

O porto de Hodeida é o ponto de entrada de três quartos das importações e da ajuda humanitária internacional no Iémen.

O secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, alertou, na segunda-feira, para as consequências “catastróficas” de uma eventual destruição da estrutura.

Esta terça-feira não há registo de ações militares em Hodeida, mas os ataques à cidade terão causado 150 mortos em 24 horas.

A guerra do Iémen opõe as forças do governo, apoiadas por uma coligação internacional liderada pela Arábia Saudita, aos rebeldes Huthis, que em 2014 e 2015 tomaram conta de vastas regiões do país, incluindo a capital, Sanaa.

Desde 2014, o conflito causou mais de dez mil mortos e provocou, segundo a ONU, a pior crise humanitária no mundo, com milhões de pessoas ameaçadas pela fome.