A CNN anunciou esta terça-feira que vai processar Donald Trump e outras cinco pessoas da administração norte-americana, exigindo que o jornalista que foi expulso e proibido de entrar na Casa Branca, Jim Acosta, seja autorizado a voltar.

O processo tem origem no incidente da semana passada, no rescaldo das eleições intercalares. Sarah Huckabee Sanders, responsável pela gestão da imprensa dentro da Casa Branca, afirmou no Twitter que o repórter da CNN tinha sido banido “por colocar as mãos numa jovem mulher” que lhe tentava tirar o microfone, quando Donald Trump quis travar a intervenção de Jim Acosta. “Já chega”, disse Trump ao jornalista, quando este o questionava sobre a fronteira sul dos Estados Unidos.

Nesse momento, uma mulher — que Sarah Sanders afirmou ser uma estagiária — levantou-se para tirar o microfone ao repórter da CNN. Enquanto gesticulava ao discutir com Trump, Jim Acosta tocou no braço da mulher e disse: “Desculpe, minha senhora”. Vários especialistas e jornalistas analisaram o vídeo de 15 segundos publicado pela Casa Branca e defenderam que a velocidade do vídeo foi parcialmente alterada para que o toque do jornalista no braço da estagiária parecesse mais agressivo do que realmente foi. O próprio jornalista negou que tivesse sido violento com a estagiária.

No final do dia, a Casa Branca anunciou que a acreditação de Jim Acosta foi revogada, ou seja, o jornalista da CNN deixa de ter acesso permanente às conferências de imprensa e comunicados feitos na residência oficial do presidente dos Estados Unidos. Teoricamente, o jornalista poderá pedir um acesso diário para continuar a trabalhar na Casa Branca, mas este é um processo demorado e pouco prático para qualquer repórter que precise de entrar e sair livremente do local.

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Casa Branca tira acreditação a jornalista da CNN que discutiu com Trump e acusa-o de ter “posto as mãos” numa estagiária

Segundo a CNN, a ação colocada agora contra a administração do presidente norte-americano alega que os direitos da primeira e quinta emenda da CNN e do jornalista — o direito à liberdade de imprensa — estão a ser violados. A ação foi colocada contra seis pessoas no total: Donald Trump, o chefe de gabinete John Kelly, a secretária de imprensa Sarah Sanders, o vice-chefe de gabinete de comunicação Bill Shine, o diretor dos Serviços Secretos Joseph Clancy e o funcionário dos Serviços Secretos que retirou o passe de imprensa a Acosta, cuja identificação ainda está a ser verificada.

Na quarta-feira passada, pouco depois de Acosta ter sido impedido de entrar no recinto da Casa Branca, Sanders defendeu a decisão sem precedentes, afirmando que ele agiu de forma inadequada numa entrevista coletiva presidencial. A CNN e vários grupos de defesa do jornalismo rejeitaram essa afirmação e disseram que o seu passe deveria ser restabelecido”, disse a CNN.

A CNN acrescentou ainda que “embora o processo seja específico”, “poderia ter acontecido com qualquer um”, defendendo que se estas ações não forem contestadas “criam um perigoso efeito para qualquer jornalista” que queira cobrir eventos oficiais.

Casa Branca reage: atitude do jornalista não foi “nem apropriada nem profissional”

Entretanto, a Casa Branca emitiu um comunicado, onde diz ter conhecimento sobre o processo, afirmou ser “mais uma demonstração da CNN” e defendeu que se vai “defender vigorosamente contra este processo”.

A CNN, que tem quase 50 titulares adicionais de credenciais, e o Sr. Acosta não são mais ou menos especiais que qualquer outro meio de comunicação ou repórter com respeito à Primeira Emenda. Depois de o sr. Acosta ter feito duas perguntas ao presidente – cada uma respondida pelo presidente -, ele recusou-se entregar o microfone da Casa Branca a uma estagiária, para que outros repórteres pudessem fazer as suas perguntas”, disse a Casa Branca em Comunicado.

Segundo a administração de Donald Trump, “a Casa Branca não pode organizar uma conferência de imprensa ordenada e justa quando um reporter age desta forma, que não é nem apropriada nem profissional”.