Donald Trump voltou esta terça-feira ao tema do exército europeu proposto por Emmanuel Macron para “defender a Europa dos Estados Unidos, da Rússia e da China”. Numa série de tweets, o presidente norte-americano recordou que “na Primeira e na Segunda Guerras Mundiais” o inimigo “foi a Alemanha” e que os franceses “estavam a começar a aprender alemão em Paris na altura em que os Estados Unidos chegaram”.
Na mensagem seguinte, Donald Trump referiu-se ao comércio entre os Estados Unidos e França. “França produz vinho excelente, mas os Estados Unidos também. O problema é que França torna muito difícil para os Estados Unidos vender os seus vinhos lá, cobrando tarifas muito altas, e os Estados Unidos tornam muito fácil a venda de vinhos franceses, com tarifas muito baixas. Não é justo, é preciso mudar”, afirmou o presidente norte-americano. Logo de seguida, explicou que “o problema é que Emmanuel Macron sofre com uma taxa de aprovação muito baixa, 26%, e uma taxa de desemprego de quase 10%” e terminou com “Make France Great Again”, tornar França grande outra vez – uma versão do conhecido slogan que utilizou na campanha presidencial de 2016 e que ainda mantém, “Make America Great Again”.
Emmanuel Macron suggests building its own army to protect Europe against the U.S., China and Russia. But it was Germany in World Wars One & Two – How did that work out for France? They were starting to learn German in Paris before the U.S. came along. Pay for NATO or not!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) November 13, 2018
On Trade, France makes excellent wine, but so does the U.S. The problem is that France makes it very hard for the U.S. to sell its wines into France, and charges big Tariffs, whereas the U.S. makes it easy for French wines, and charges very small Tariffs. Not fair, must change!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) November 13, 2018
The problem is that Emmanuel suffers from a very low Approval Rating in France, 26%, and an unemployment rate of almost 10%. He was just trying to get onto another subject. By the way, there is no country more Nationalist than France, very proud people-and rightfully so!……..
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) November 13, 2018
……MAKE FRANCE GREAT AGAIN!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) November 13, 2018
O desacordo entre Trump e Macron, que até têm uma relação próxima, começou este sábado. Numa entrevista à rádio Europa 1, na passada terça-feira, o presidente francês apelou à criação de “um verdadeiro exército europeu” para melhor proteger o continente. Macron referiu-se às sucessivas ameaças à Europa, à intrusão no ciberespaço e à saída dos Estados Unidos do tratado de armas nucleares de médio alcance, concluído durante a Guerra Fria. “Só protegeremos os europeus se decidirmos ter um verdadeiro exército europeu”, afirmou o presidente francês, considerando ser necessário “a Europa proteger-se da China, da Rússia e, mesmo, dos EUA”.
À chegada a Paris, para as comemorações do centenário do armistício da Primeira Guerra Mundial, Donald Trump apressou-se a criticar a proposta de Emmanuel Macron. “O presidente Macron acaba de sugerir que a Europa construa o seu próprio exército, para se proteger dos Estados Unidos da América, da Rússia e da China”, escreveu o presidente norte-americano no Twitter. “Muito insultuoso. Talvez a Europa devesse pagar antes a sua parte à NATO, que os EUA subsidiam largamente!”, acrescentou.
Mais tarde, em declarações aos jornalistas, Emmanuel Macron esclareceu que “nunca disse que era necessário criar um exército europeu contra os Estados Unidos”. E continuou: “Compreendo que a sequência de tópicos [da entrevista à rádio Europa 1] possa ter gerado alguma confusão. Mas são dois assuntos diferentes, o tratado de armas nucleares de médio alcance e o tema de uma força de defesa europeia, no qual estou a trabalhar e está em andamento”, salientou o presidente francês, vincando que “a saída do tratado de armas nucleares de médio alcance tem a ver com a segurança da Europa e é por isso que a Europa deve estar envolvida no diálogo sobre este assunto”.