O número dois do Governo britânico disse esta terça-feira que o Reino Unido e a União Europeia (UE) estão “a uma curta distância” de chegar a um acordo para o Brexit e que é possível que este aconteça em 48 horas.

“Será sempre extremamente difícil, as negociações são extremamente complexas, mas agora estamos a pouca distância” de alcançar um acordo, disse David Lidington, em declarações ao programa Today, da Radio 4 da BBC.

“Mas, como disse a primeira-ministra, não pode ser um acordo a qualquer preço, tem de ser um que funcione e que permita cumprir o resultado do referendo”, acrescentou.

Lidington fez estas declarações antes de a primeira-ministra se encontrar esta terça-feira com o seu gabinete na residência oficial em Downing Street para falar sobre o andamento das negociações com Bruxelas.

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Segundo o jornal The Daily Telegraph, vários ministros eurocéticos, incluindo o ministro britânico para o Brexit, Dominic Raab, devem pedir a Theresa May que recuse pedidos “inaceitáveis” de Bruxelas.

Para o ex-ministro encarregado do Brexit, o eurocético David Davis, o governo deveria estar pronto para uma saída sem acordo.

O ex-ministro dos Transportes Jo Johnson, que fez campanha pela permanência na UE e renunciou na sexta-feira, chegou mesmo a pedir um novo referendo sobre o Brexit.

Brexit. Gordon Brown, antigo primeiro-ministro britânico, acredita num segundo referendo

Na segunda-feira à noite, Theresa May disse que não assinará um acordo a “qualquer preço” e advertiu que ainda há obstáculos “significativos” no diálogo com Bruxelas.

“As duas partes querem chegar a um acordo, mas o que estamos a negociar é imensamente difícil”, admitiu a chefe do governo britânico num discurso durante um banquete oferecido por Charles Bowman, prefeito da cidade de Londres (centro financeiro).

Londres e Bruxelas esperam chegar a um acordo em breve sobre as condições da saída do Reino Unido da UE, que se materializará em 29 de março.

O principal problema entre as partes é a cláusula de segurança para garantir que não será levantada uma fronteira na Irlanda do Norte se o Reino Unido e a UE não conseguirem chegar a um acordo de comércio livre durante o período de transição, que terá início em 29 de março de 2019 e terminará no final de 2020.

Mesmo que haja um acordo com Bruxelas, May deve submetê-lo a uma votação no parlamento britânico. De acordo com uma fonte do governo britânico, as negociações devem ficar concluídas até quarta-feira para que uma cimeira sobre o acordo final sobre o ‘brexit’ possa ter lugar ainda em novembro.

Mas segundo o tabloide The Sun, Downing Street tem um plano B para convencer Bruxelas a organizar uma reunião no início de dezembro. O cronograma inicial previa que as discussões terminassem antes da cimeira europeia de meados de outubro. Em 23 de junho de 2016, os britânicos votaram a favor da saída da UE, após mais de 40 anos de participação no bloco europeu.