O número de multas atribuídas a condutores que utilizam o telemóvel  enquanto estão ao volante continua a aumentar. Segundo dados do Jornal de Notícias, só em 2018 foram passadas, em média, 115,5 multas por dia até setembro, valor que ultrapassa as 114,1 registadas na totalidade do ano de 2017 — o que significa que o número deste ano pode ser ainda mais elevado, apesar de dificilmente ultrapassar as 158 multas por dia registadas em 2016.

Entre 1 de janeiro e 15 de setembro deste ano, a GNR multou 16 640 condutores que usavam o telemóvel enquanto conduziam, número que segundo a PSP ronda as 12 427 (sendo que a contabilização e feita só até agosto). É a comparação destes dois dados que justifica o número médio de 115,5 multas diárias. Apesar dos significado preocupante destes números, entidades como a Autoridade Nacional da Segurança Rodoviária (ANSR) explicam que não são só os smartphones que hoje são fonte de preocupação. Dispositivos como GPSs, tablets e até os recentes painéis de controlo de algumas viaturas são apontados por esta autoridade como sendo novos motivos de preocupação — e, claro, distração dos condutores. Jorge Jacob, o presidente da ANSR, diz ao JN que “quando as pessoas tiram a vista da estrada, é um problema” e que um dos culpados disto acontecer são mesmo os “ecrãs digitais” que já funcionam como módulos de “comando” de vários veículos — “Como é que se vai combater isso? É mais complicado”, frisou o responsável.

A teoria de que estas novas “distrações” começam a ser caso sério de preocupação com a segurança rodoviária já começam a ser estudadas por várias entidades internacionais e o problema, ao que tudo indica, chegou para ficar — alguns destes estudos chegam a afirmar que os acidentes causados pela utilização de instrumentos digitais começam a rivalizar com os que são causados por excesso de velocidade ou consumo de álcool excessivo. Ao jornal, João Queiroz (da Associação Estrada Mais Segura) explica que “hoje, a maioria dos veículos têm qualquer coisa que nos distrai para além do telefone” e que a utilização destes mesmos dispositivos diminuem a “capacidade de resposta ao risco” até dos condutores mais experientes.

Segundo o secretário de Estado da Proteção Civíl , José Artur Neves, o Governo já equacionou, no início do ano, a inibição do sinal de telemóvel dos condutores, mas a medida ainda não foi mais desenvolvida. Jorge Jacob afirma que mesmo que esta medida siga em frente, o “problema do ‘touchscreen'” continua por resolver. O mesmo especialista afirmou que uma possivel forma de melhorar esta situação é criando mais legislação sobre o assunto — não identificou, porém, que tipo de legislação poderia ser.

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