A viagem que Donald Trump fez a Paris na semana passada ficou marcada por um encontro pouco conclusivo com Emmanuel Macron. Mas esta não foi a única nota de destaque da visita. Segundo o Washington Post, o presidente norte-americano terá mantido um telefonema demasiado tenso com a primeira-ministra britânica, Theresa May.

Citando fontes da administração norte-americana e assessores do gabinete de May, o jornal relata uma conversa que até terá começado com um tom amigável. A Chefe do Governo britânico telefonou a Trump para o congratular pelos resultados nas eleições intercalares – que o próprio, num tweet, tinha considerado serem extraordinários, apesar de os republicanos terem perdido a maioria no Congresso para os democratas.

Do outro lado, estava um homem furioso. Na resposta a uma chamada que se pretendia cordial e diplomática, Trump apontou o dedo a Theresa May por não ter feito o suficiente para conter o Irão. De acordo com os seus assessores, a escalada continuou, já que o presidente dos Estados Unidos ainda criticou os contornos em que o Brexit estava a ser negociado.

A primeira-ministra britânica ficou surpreendida com o temperamento de Donald Trump. Apesar de não ser a primeira vez que existe tensão entre os dois líderes, os relatos dão conta de uma fúria presidencial pouco comum nos encontros que ambos foram mantendo desde que o magnata chegou à Casa Branca.

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Uma atitude que se terá estendido até ao encontro com Emmanuel Macron. Durante os dois dias em que o Chefe de Estado norte-americano esteve em Paris, onde os encontros com o homólogo francês se revelaram infrutíferos. O tema do Irão esteve em cima da mesa e Trump aproveitou para criticar a postura de França. Fontes citadas pelo Washington Post sugerem que o ambiente crispado entre ambos terá sido desencadeado por um tweet do presidente francês em que criticava “o crescimento dos nacionalismo”, uma referência que foi vista como uma indireta para Trump.

A tensão entre Paris e Washington parece, aliás, não ter terminado. Na terça-feira, através do Twitter, o presidente norte-americano recordou que “na Primeira e na Segunda Guerras Mundiais” o inimigo “foi a Alemanha” e enviou um ácido ataque a França: “Estavam a começar a aprender alemão em Paris na altura em que os Estados Unidos chegaram”. Terminou com um uma frase lacónica: “MAKE FRANCE GREAT AGAIN”.

Donald Trump voltou a responder à proposta de exército europeu de Macron: “Nas Guerras Mundiais o inimigo foi a Alemanha”

No regresso da visita a Paris, a atitude agressiva do inquilino da Casa Branca continuou. Com uma administração a atravessar tumultos internos, o exemplo mais evidente da fúria de Trump foi dado numa conferência de imprensa. Quando respondia aos jornalistas, irritou-se com o repórter da CNN e acusou-o de ser uma pessoa “grosseira”. “A CNN devia ter vergonha de te ter a trabalhar para eles. És uma pessoa grosseira e terrível e não devias estar a trabalhar para a CNN. És uma pessoa muito grosseira”, retorquiu.

Na sequência deste caso, a Casa Branca retirou a credencial a Jim Acosta sob o pretexto de “ter posto as mãos” numa estagiária. Uma justificação que foi acompanhada de um vídeo que supostamente o provava. No entanto, o vídeo terá sido manipulado pelo staff de Trump. Esta suspeita levou a CNN a processar o presidente e a exigir que o seu repórter pudesse voltar a ter acesso à Casa Branca.

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