As Nações Unidas estão “mais e mais alarmadas” com a situação em Beni, na República Democrática do Congo (RDCongo), cujo estado de insegurança ameaça a realização das eleições em várias regiões do país.

“Estou mais e mais alarmado com a situação em Beni nos últimos meses, onde continuamos a enfrentar grandes desafios para a implementação do nosso mandato”, disse a representante da Missão das Nações Unidas no Congo (Monusco, em francês), Leila Zerrougui, depois da reunião mensal do Conselho de Segurança sobre a RDCongo, na segunda-feira.

Localizada na província de Kivu-Norte, a cidade de Beni, com uma população estimada entre os 200.000 e os 300.000 habitantes, tem sido ameaçada pelos assassinatos conduzidos por grupos armados e pela epidemia do ébola.

“A violência dos grupos armados nessas províncias pode afetar a colocação, em segurança, do material eleitoral e pode mesmo impedir que parte da população vote no dia das eleições”, alertou Zerrougui, citada pela agência France-Presse, acrescentando que será “muito importante que o Governo tome medidas nas próximas semanas para garantir a segurança das votações, em particular para garantir a participação das mulheres, que representam 50% dos eleitores inscritos”.

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A representante da Monusco referiu ainda a região de Kasai está também a ser monitorizada, visto que é um dos principais destinos dos cidadãos congoleses expulsos de Angola. “Depois do regresso forçado de emigrantes congoleses em Angola (…) é possível que as tensões étnicas abalem ceras zonas em Kasai”, sublinhou a responsável.

Leila Zerrougui lembrou que há vontade de todos em participar nas eleições, mas “a oposição reclama a diminuição do espaço político, incluindo a impossibilidade de realizar reuniões em todo o território e um acesso injusto aos media públicos”.

A uma semana do início da campanha eleitoral, o uso de urnas eletrónicas continua a dividir o país, com a maioria política a defender o seu uso, contrastando com a posição da oposição e da sociedade civil. “Ainda é preciso haver progressos para criar um ambiente propício à realização de eleições credíveis”, disse a diplomata argelina.

Declarado em 1 de agosto nas regiões de Kivu do Norte e Ituri, o surto do vírus do ébola terá sido responsável pela morte de 212 pessoas, segundo os últimos dados divulgados pelo Ministério da Saúde da RDCongo.