As três famílias de refugiados sírios instaladas em Miranda do corvo que ficaram sem água e eletricidade em casa, por falta de pagamento, assinaram esta quarta-feira os contratos de arrendamento que lhes permite resolver a situação.

Fonte do município disse à agência Lusa que, cerca das 17h50 desta quarta-feira, a água foi restabelecida depois de as famílias terem assinado durante o dia os contratos de arrendamento com a Fundação Assistência para o Desenvolvimento e Formação Profissional (ADFP). A mesma fonte adiantou que o restabelecimento do abastecimento de eletricidade também já foi solicitado, podendo ainda ocorrer durante a noite, “mas tudo depende da disponibilidade da EDP”.

Na segunda-feira, três famílias de refugiados sírios instaladas em Miranda do Corvo ficaram sem água e eletricidade nas casas que habitam por ordem da Fundação ADFP, proprietária das habitações, por falta de pagamento, mais de dois meses depois de terminado o programa de acolhimento. A situação motivou uma reunião na terça-feira, ao fim da tarde, em Coimbra, entre a Segurança Social, o ACM [Alto Comissariado para as Migrações], Câmara Municipal de Miranda do Corvo e a própria instituição.

Os refugiados sírios queixavam-se de que a Fundação ADFP pretende cobrar uma renda de 340 euros por cada apartamento T3, mas esta quarta-feira aceitaram assinar os contratos por aquele montante.

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“Está resolvida a situação e duas famílias vão manter-se nas mesmas habitações, tendo concordado com o valor do arrendamento, enquanto uma terceira família já manifestou vontade de sair”, disse à agência Lusa o presidente da instituição, Jaime Ramos. O dirigente salientou que a família mais numerosa, com cinco pessoas, recebe mensalmente entre 750 a 800 euros da Segurança Social, enquanto a outra, de quatro elementos, recebe entre 650 a 700 euros. “Há famílias portuguesas que ganham o salário mínimo e têm de fazer a sua vida e pagar despesas de habitação”, enfatizou Jaime Ramos.

A coordenadora do programa de acolhimento de refugiados da instituição, Paula Santos, explicou à Lusa que as famílias em causa terminaram no início de setembro o contrato de apoio e não mostraram vontade de se autonomizar, conforme estipula o processo de acolhimento. “Há dois meses que terminou o contrato de acolhimento, mas ao longo de todo o processo temos tentado resolver as suas situações. No entanto, houve resistência dos refugiados”, disse a responsável.

Segundo Paula Santos, muito antes de o programa terminar, “foram-lhes apresentadas casas e rendas mais baixas, entre os 190 e os 250 euros e eles não quiseram sair”. “Houve oportunidades de trabalho e também aí continuaram as mesmas resistências”, sublinhou.

A Fundação ADFP já acolheu 88 refugiados, sendo que a sua maioria se autonomizou e outros saíram do país, mantendo ainda 20 pessoas em programa de acolhimento. A própria instituição contratou um dos refugiados e integrou outro num programa de formação para pessoas com incapacidade, uma “vez que têm maior dificuldade em se autonomizar”.

Refugiados sírios sem água e eletricidade em Miranda do Corvo por não pagarem renda de casa