A administração da petrolífera angolana Sonangol admitiu esta quinta-feira a possibilidade de alienar parte das suas 19 subsidiárias, porque “muitas delas têm custos muito grandes” e, sem avançar números, referiu que decorre uma “reanálise das ações” de cada uma delas.

A intenção foi manifestada esta quinta-feira pelo presidente do conselho de administração da petrolífera estatal angolana, Carlos Saturnino, afirmando que a empresa que dirige pondera igualmente “alienar algumas percentagens nas concessões petrolíferas”.

De acordo com o presidente do conselho de administração da Sonangol, uma parte das subsidiárias da petrolífera tem hoje faturação, mas também tem custos muito grandes, o que “naturalmente não liberta rentabilidade suficiente, ou que devia acontecer”.

Falando esta quinta-feira numa conferência de imprensa no quadro da cerimónia de apresentação do “Programa de Regeneração” da Sonangol, que decorreu no município de Talatona, sul de Luanda, Saturnino realçou que “parte das subsidiárias tem uma grande ineficiência”. “Vamos reanalisar cada uma delas em separado e, depois, em conjunto. Ou seja, estamos a olhar para a atividade que é necessário realizar e como poderá tornar-se uma mais-valia para o grupo. Daí que tenhamos de emagrecer as subsidiárias”, explicou.

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Carlos Saturnino deu como exemplo o caso da empresa MS Telecom, do grupo Sonangol. “Questionamos se uma empresa petrolífera precisa de ter uma empresa de telecomunicações ou se é um serviço que precisamos de comprar. Por isso, vai haver vai haver um emagrecimento real e importante nas subsidiárias”, assegurou.

O presidente do conselho de administração da Sonangol deu a conhecer igualmente que, “nos últimos três anos”, a petrolífera estatal angolana “deixou de cumprir regularmente com as suas obrigações financeira nas concessões petrolíferas”. “Desde novembro do ano passado que fomos obrigados a fazer uma série de acordos, a pagar uma parte dos compromissos financeiros em kwanzas, divisas, utilizar uma parte do petróleo que serve para recuperação dos custos e utilizar para ir amortizando esta dívida”, referiu, sem adiantar valores.

Na sua intervenção, Carlos Saturnino adiantou também que, nas decisões tomadas pela administração da empresa, ficou igualmente definida a estratégia de atribuir “uma percentagem média para cada uma das concessões petrolíferas”. “Vamos alienar uma parte que nos permite obter dinheiro fresco para fazer face a esses compromissos financeiros nas concessões petrolíferas prioritárias, mas também aos compromissos com toda a reorganização do grupo Sonangol com este Programa”, assegurou.

Sonangol vai reduzir participação na banca comercial e em investimentos no exterior

A petrolífera estatal Sonangol vai reduzir sua participação na banca comercial angolana “por falta de uma estratégia para aferir vantagens” que daí advêm, medida que se deve estender aos fundos investimentos no exterior do país, anunciou esta quinta-feira a administração.

De acordo com o presidente do conselho de administração da Sonangol, Carlos Saturnino, que falava esta quinta-feira em Luanda, o organismo que preside “não tem uma estratégia” para a banca comercial de Angola, onde detém “várias participações”. “Como não temos uma estratégia para a banca comercial, como temos a certeza de que esses investimentos são úteis e bons para o grupo Sonangol? Daí que decidimos fazer uma análise, banco por banco, que dividendos trazem para o grupo”, afirmou.

Na banca comercial angolana, a Sonangol tem investimentos diretos no Banco Angolano de Investimentos (BAI), Caixa Angola – controlada maioritariamente pelo grupo português Caixa Geral de Depósitos -, Banco Económico e no Banco de Comércio e Indústria, e indiretos no Banco Fomento Angola (BFA), através da sua subsidiária MS Telcom, acionista da operadora UNITEL, que, por sua vez, é acionista do BFA.

A Sonangol é o maior grupo empresarial angolano, com perto de 10.000 trabalhadores diretos e subsidiárias na área do transporte aéreo, telecomunicações, imobiliário e distribuição de combustíveis, entre outros, tendo ainda participações em várias empresas e bancos. Em Portugal, a Sonangol tem participações diretas e indiretas no Millennium BCP e na Galp.

Em conferência de imprensa, no âmbito da apresentação do Programa de Regeneração da Sonangol, Carlos Saturnino defendeu discussões diretas com os intervenientes para consequente redução das participações da petrolífera no setor.

“Vamos promover uma discussão com a banca comercial em Angola, onde a Sonangol vai primar por ver o que é mais útil para o grupo e que vantagens. Vamos provavelmente emagrecer também aí. Esta análise é extensiva aos fundos de investimentos que temos também fora do país”, sublinhou.

Carlos Saturnino admitiu igualmente “riscos” no Programa de Regeneração, orçado em cerca de 40 milhões de euros, e com a implementação para três anos, que passam, explicou, por “reestruturar a empresa e, simultaneamente, continuar a com os negócios”. “O risco maior do Programa de Regeneração é como fazer o processo, reorganizar as atividades e, ao mesmo tempo, continuarmos as atividades. Esta é a grande dor de cabeça”, apontou, assegurando: “Resumindo, como fazer a regeneração do grupo e ao mesmo tempo manter a continuidade de negócios? O risco maior está entre regenerar e fazer a continuidade de negócios e estamos a tomar algumas providências”.

Questionado sobre o Relatório e Contas da petrolífera do exercício de 2017 — que continua por aprovar, referente à gestão anterior, de Isabel dos Santos –, o presidente da Sonangol deu a conhecer que foi encomendado pelo Ministério das Finanças e que foi já entregue às autoridades afins.

“Pela primeira vez na história do grupo Sonangol, a auditoria feita à Sonangol não foi encomendada pelo conselho de administração por razões de transparência. Foi feita a revisão das contas de 2016 e 2017, a auditoria às de 2017 e a emissão do relatório de auditoria independente foi entregue em setembro às autoridades”, concluiu, sem adiantar mais informações.

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