Quando esta quarta-feira, ao fim de cinco longas horas dentro de portas, a primeira-ministra britânica apareceu em frente ao número 10 de Downing Street a anunciar a luz verde dos seus ministros para o acordo do Brexit, escudou-se num argumento principal: o acordo alcançado defende “o interesse nacional” e “respeita a votação do referendo”. Acontece que, a avaliar por uma sondagem online feita pelo Hanbury Strategy para o Politico, a maioria dos britânicos tem uma impressão negativa do acordo — ainda que a maioria ache que Theresa May se deve manter como primeira-ministra.

Tudo parece finalmente encaminhado para a União Europeia e o Reino Unido assinarem os termos do acordo para a saída daquele país da UE: esta quarta-feira à noite, Theresa May conseguiu a luz verde do seu Conselho de Ministros ao pré-acordo, e, esta manhã, Donald Tusk anunciou a convocação de uma cimeira extraordinária de líderes da União Europeia a 27 para o dia 25 de novembro, para “finalizar e formalizar o acordo de Brexit”. Falta, claro, a aprovação do Parlamento britânico, que será a grande prova de fogo, mas com estas metas já superadas, o Politico, através de uma plataforma online da Hanbury Strategy, foi consultar a população nas horas que se seguiram à declaração de May à porta de Downing Street.

Brexit. Conselho de Ministros britânico aprova proposta de acordo

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O resultado foi este: 45% dos inquiridos acredita, com base naquilo que ouviram dos termos do acordo, que o Parlamento deve rejeitá-lo. Apenas 28% quer a aprovação, e 27% responderam que “não sabem”. O inquérito foi feito a 505 cidadãos britânicos (maiores de 18 anos), entre a 20h e as 22h de quarta-feira (14 novembro), através de uma aplicação de smartphone que seleciona uma amostra representativa em termos de género, idade e localização geográfica.

[Veja no vídeo, em 2:08 minutos, a síntese do acordo inicial defendido por May]

À pergunta sobre se preferiam avançar com o acordo de Brexit, pedir um novo referendo, ou sair da UE sem nenhum acordo, a vitória não foi esmagadora para nenhuma das opções: 33% dos inquiridos escolheram um novo referendo, 29% disseram que os deputados britânicos deviam validar o acordo alcançado, e 27% optaram por sair sem acordo.

Apesar disto, os inquiridos não mostraram intenção de derrubar Theresa May, responsabilizando-a pelo acordo que veem como negativo. Quando questionados sobre se devia haver uma alteração no chefe do Governo, 45% disseram que não era altura de o partido conservador mudar de líder; 44% disseram que outra pessoa, que não Theresa May, devia assumir o cargo, e 40% disseram que era altura de mudar de primeiro-ministro.

Mas, confrontados com uma lista de nomes, May continua a ser a favorita: 24% disseram que a atual primeira-ministra era a melhor opção para levar a cabo o acordo de Brexit, 13% escolheriam o ex-ministro Boris Johnson, 8% escolhiam Jacob Rees-Mogg, 5% iam para Jeremy Hunt, e 3% para Michael Gove.