O ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, disse esta sexta-feira que não tem “absolutamente nenhum receio” quanto à segurança dos paióis das Forças Armadas, afastando uma eventual repetição de desaparecimento de material militar como aconteceu em Tancos.

“Acredito plenamente que não haverá uma repetição desse episódio” – com a recuperação, mais tarde, das armas e munições em falta – declarou João Gomes Cravinho aos jornalistas, no final de uma visita às instalações da Brigada Mecanizada (BrigMec) do Exército, em Santa Margarida, no concelho de Constância, distrito de Santarém.

O ministro da Defesa Nacional escusou-se, contudo, a comentar o facto de este problema não ter sido ainda esclarecido pelas investigações.

“Há um processo em curso”, respondeu.

João Gomes Cravinho, acrescentou apenas, que os responsáveis máximos dos três ramos das Forças Armadas – Exército, Marinha e Força Aérea – já deram “todas as garantias quanto à segurança dos equipamentos que estão guardados” nos vários paióis do país.

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Esta sexta-feira, o ministro da Defesa efetuou a sua primeira visita ao complexo militar de Santa Margarida “para compreender os dispositivos de segurança que estão atualmente acionados”.

“Não se pode ser ministro da Defesa sem visitar Santa Margarida”, infraestrutura militar que “desde sempre faz parte do meu imaginário”, sublinhou.

Para o governante, “é um prazer especial conhecer as capacidades” que ali se desenvolvem, a formação e a preparação que ali se faz.

O ministro, que em outubro substituiu Azeredo Lopes no cargo, disse ainda que planeia visitar os diversos paióis das Forças Armadas.

“Desempenhamos as nossas funções com elevado sentido de responsabilidade”, disse, considerando que essa ideia é “plenamente partilhado pelos chefes militares” e pela generalidade dos membros das Forças Armadas.

No campo militar de Santa Margarida, o ministro da Defesa Nacional assistiu a “um exercício de demonstração de capacidades e meios”, com fogo real, envolvendo forças ligeiras da Brigada de Reação Rápida, forças médias da Brigada de Intervenção e forças pesadas da BrigMec.

O desaparecimento de material militar dos paióis de Tancos foi divulgado pelo Exército em junho de 2017.

Está em curso uma investigação do Ministério Público sobre o reaparecimento do material levado de Tancos, designada Operação Húbris, no âmbito da qual foram detidos para interrogatório militares da Polícia Judiciária Militar (PJM) e da GNR.

Este caso levou à demissão do anterior ministro da Defesa Nacional, José Azeredo Lopes, em 12 de outubro.

O chefe do Estado-Maior do Exército, general Rovisco Duarte, pediu também a resignação, dois dias depois da posse do novo ministro da Defesa Nacional.

Em 25 de setembro, a Polícia Judiciária deteve o diretor e outros três responsáveis da PJM, um civil e três elementos do Núcleo de Investigação Criminal da GNR de Loulé.

Segundo o Ministério Público, em causa estão “factos suscetíveis de integrarem crimes de associação criminosa, denegação de justiça, prevaricação, falsificação de documentos, tráfico de influência, favorecimento pessoal praticado por funcionário, abuso de poder, recetação, detenção de arma proibida e tráfico de armas”.

Entre o material furtado estavam granadas, incluindo antitanque, explosivos de plástico e uma grande quantidade de munições.