A associação ambientalista Zero vai oferecer sexta-feira ao Governo a galinha Balbina, um animal reciclador, chamando a atenção para a necessidade de investir em soluções para que cada cidadão possa reciclar os resíduos orgânicos em casa.

“A obrigatoriedade de recolha seletiva de resíduos orgânicos até 2023 pode e deve ser complementada com a reciclagem doméstica”, defende a Zero, que, além da galinha Balbina (da raça autóctone Pedrês Portuguesa) que oferecerá ao secretário de Estado do Ambiente, entregará três compostores domésticos aos outros membros da atual equipa do ministério.

A Zero é da opinião que “se devem generalizar as soluções de compostagem ou outras soluções que possam reciclar os cerca de 37% de bioresíduos que produzimos nas nossas casas (481 g/habitante/dia ou 179 kg/hab/ano) o mais próximo possível da sua produção”.

A associação afirma, em comunicado, que “a distribuição maciça de compostores domésticos, a compostagem comunitária e mesmo a utilização de animais biorecicladores, como as galinhas, são soluções que, conjugadas, poderão ser decisivas para cumprir as metas de reciclagem e poupar recursos financeiros aos municípios, que ficarão sujeitos à obrigação de recolha seletiva de resíduos orgânicos até 2023”.

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Ainda que a utilização de compostores seja uma das formas mais baratas de reduzir os custos do encaminhamento dos resíduos biodegradáveis, possibilitando o tratamento na origem — as habitações — “a verdade é que os projetos que visam formar os cidadãos e apoiá-los para que façam da compostagem um hábito, em particular nos alojamentos/moradias, continuam a ser poucos”, recorda.

Segundo a Zero, “os decisores políticos e os gestores dos Sistemas de Gestão de Resíduos Urbanos (SGRU) continuam pouco sensíveis ao potencial de reciclagem dos compostores domésticos – o qual pode variar entre 250 e 350 kg/ano por compostor — e à rápida recuperação do investimento efetuado — cerca de 30 euros/compostor — pela redução de custos da recolha ao longo de 3 anos”.

Os ambientalistas da Zero dizem ainda que o número de projetos apoiados até ao momento foi de apenas 11 (apenas dois SGRU e nove Municípios), afirma.

A associação defende um “investimento massivo” na compostagem doméstica e em outras soluções que promovam a reciclagem de resíduos orgânicos e diz que se deve coresponsabilizar os cidadãos pela reciclagem destes resíduos.

“Promover o reaproveitamento dos resíduos biodegradáveis através da compostagem ou na alimentação animal, previne os custos do seu reencaminhamento para soluções de tratamento centralizadas e disponibiliza um recurso — composto — de fácil utilização a nível loca”, considera.

Para promover a economia circular, a Zero defende a disponibilização generalizada de compostores domésticos junto dos munícipes e a formação de técnicos e disseminação de práticas de compostagem comunitária nos aglomerados populacionais, complementando-as com hortas urbanas.

Defende ainda a criação de programas locais de promoção de criação doméstica de galinhas de raças autóctones, como forma de reutilização/bioreciclagem dos restos dos alimentos não consumidos nas habitações, ajudando a evitar a extinção destas espécies.

Quanto ao modelo de tarifário dos resíduos sólidos urbanos, a Zero diz que devem ser repensados, introduzindo incentivos ou reduções aos cidadãos que efetuem compostagem ou reutilizem os resíduos orgânicos na alimentação dos animais domésticos.