A primeira-ministra britânica, Theresa May, afirmou este domingo que vai voltar a Bruxelas esta semana para negociar a declaração sobre a futura relação bilateral que acompanhará o acordo sobre a saída do Reino Unido da União Europeia (UE).

“Nada está acordado até que tudo esteja acordado”, sublinhou May numa entrevista à Sky News, pressionada pelo setor mais eurocético do partido Conservador para que volte para a mesa das negociações e modifique o acordo a que chegou sobre as condições do ‘Brexit’.

“As equipas negociadoras continuam a trabalhar enquanto nós falamos”, disse May, que avançou que prevê viajar esta semana a Bruxelas e reunir-se com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.

Para May, esta será uma semana “crucial”, depois de uma semana “difícil” em que viu sair vários membros do seu Governo em desacordo com o rascunho de acordo para o ‘Brexit’ aprovado pelo executivo.

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Antes da cimeira extraordinária do próximo domingo, em que ambas as partes esperam selar o acordo do ‘Brexit’, May prevê mesmo assim falar com outros líderes europeus para avançar nas bases da futura relação entre ambos os lados do canal da Mancha, cujo texto definitivo só se começará a negociar depois do ‘Brexit’.

Questionada sobre a possibilidade de o acordo não superar uma votação no Parlamento britânico, a chefe do Governo disse que os deputados deverão avaliar o pacto depois de ter passado esta “semana crítica” durante a qual ainda ficam por fechar alguns “pormenores”.

“Se se der o caso de o acordo perder (no Parlamento), então o Governo deverá voltar com propostas sobre quais são os próximos passos a seguir, mas ainda não chegámos a esse ponto”, afirmou.

May indicou que não tem informação de que o Partido Conservador tenha recebido até agora as 48 cartas necessárias para forçar uma moção de censura e assegurou que o grupo parlamentar a informaria caso isso acontecesse.

“Tudo isto não é sobre mim, mas sobre o que é melhor para o país. Não me vou distrair do que é o trabalho mais importante durante esta semana crítica de negociações, alcançar um bom acordo final para o país”, sublinhou.

“Uma mudança de líder não tornaria as coisas mais fáceis para este país, nem mudaria a aritmética parlamentar, mas provocaria incerteza para os cidadãos e para os postos de trabalho”, alertou a primeira-ministra.

A líder conservadora advertiu os mais eurocéticos do Partido Conservador, alguns dos quais lhe pediram para se demitir, de que iniciar um processo de primárias no partido aumentaria “o risco de que o ‘Brexit’ fosse adiado ou frustrado”.