Foi com uma entrevista ao jornal Público que Diogo da Silveira quebrou o silêncio da indústria do papel no debate sobre a floresta. O presidente da CELPA (Associação da Indústria Papeleira), saiu em defesa do eucalipto e decidiu pôr fim à falta de comparência na discussão. Fê-lo, disse, para tentar trazer “objetividade a um debate que está mais perto do futebol do que de outra coisa”.

Quando se sai daqui de Lisboa, não há estas questões sobre a floresta. As pessoas sabem o que é a floresta. Há floresta em 200 concelhos. Em Lisboa é que há ideologias, mas no mundo real as pessoas sabem como é, como é que as coisas acontecem”, considerou.

O representante da indústria do papel entende que os protagonistas muitas vezes não conhecem os factos e acabam por utilizar o eucalipto “como bode expiatório”, condicionando a discussão. E deu dados concretos para reforçar a sua posição: “Não sei se está claro para todos que da área ardida em Portugal nos últimos anos, segundo o ICNF (Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas), 80% não é eucalipto. Importante é centrarmo-nos nos 80% e não nos 20%”.

Diogo da Silveira alertou ainda para as consequências de limitar a plantação da espécie. “Se não houver mais eucalipto, o problema número um é para os produtores, que terão menos uma fonte de rendimento, menos emprego. Nós, indústria, vamos pagar mais caro, mas temos a possibilidade de comprar fora. Já o fazemos. Isso terá um impacto social grande”, afirmou.

O também presidente da Navigator garante que esta tomada de posição não é uma reação às medidas que o Governo anunciou recentemente e que pretendem limitar as zonas de plantação do eucalipto e incentivar a produção de outras espécies. Embora reconheça que não é uma resposta direta ao poder político lembrou que “tudo conta” para este tipo de posições de força.

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