A plataforma de alojamento local Airbnb anunciou esta segunda-feira que irá deixar de ter disponível para arredamento locais ocupados por Israel. Em causa está o conflito entre Israel e a Palestina.

A multinacional norte-americana, divulgou em comunicado no site oficial, que deixaria de ter disponível mais de 200 ofertas para arrendamento. A medida foi bem recebida pelos palestinianos, no entanto, os israelitas apelidaram-na de “vergonhosa” e ameaçam tomar medidas. O ministro responsável pela pasta do Turismo em Israel, Yariv Levin, disse que a decisão é “discriminatória” e que o seu Ministério iria estudar formas de “limitar a atividade do Airbnb em todo o país”, de acordo com informações veiculadas pelo jornal britânico “The Guardian”.

Há vários anos que a empresa, líder do setor, é acusada de tomar partido no conflito, já que cidades como Afrat, Ma’ale ou Tekoa aparecem na lista como pertencentes a Israel, quando, segundo a chamada “linha verde” traçada depois dos acordos para o armistício de 1949, estão dentro de fronteiras palestinianas.

A empresa argumenta que, apesar de “a lei norte-americana permitir que companhias como a Airbnb realizem negócios nesses territórios”, é altamente criticada pela comunidades globais, uma vez que estas “são da opinião de que não é correto retirar lucros de atividades realizadas em territórios de onde um povo tenha sido expulso”.

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“Por isso, concluímos que também o Airbnb deve retirar as opções de alojamento nos territórios ocupados, cerne da disputa entre Israel e a Palestina”, lê-se no comunicado.

Não é correto retirar lucros de atividades realizadas em territórios de onde um povo tenha sido expulso e, por isso, concluímos que também o Airbnb deve retirar as opções de alojamento nos territórios ocupados”, lê-se no comunicado da empresa.

O secretário-geral do movimento de Libertação da Palestina, Saeb Erekat,  afirmou que é “crucial para a Airbnb seguir as posições do direito internacional de que Israel é uma potência ocupante e que a ocupação israelita na Cisjordânia, incluindo parte de Jerusalém Oriental, são ilegais e constituem crimes de guerra “, relata a cadeia de televisão BBC. 

Esta decisão chega poucas horas antes da publicação de um relatório da organização de defesa dos Direitos Humanos Human Rights Watch sobre as implicações negativas do negócio do Airbnb nos territórios ocupados. A organização reagiu, na rede social Twitter, saudando a empresa e considerando-a como “um avanço”.

Em 1976, na Guerra dos Seis Dias, Israel conquistou a Cisjordânia à Jordânia, em resposta a uma tentativa de invasão por parte de uma coligação árabe. Agora, cerca de 600 mil israelitas vivem em bairros construídos para lá das fronteiras reconhecidas pela comunidade internacional.