O ativista e rosto da estação de rádio independente Radio Fresh, Raed Fares, foi morto a tiro esta sexta-feira na cidade de Kafranbel, em Idlib, último reduto da oposição ao Presidente sírio Bashar Al-Assad.
Raed, de 46 anos, e o seu colega Hamoud Juneid foram atingidos a tiro por um grupo de homens que seguiam numa carrinha e que dispararam contra os dois homens, segundo informações da própria Fresh. O relato foi confirmado por uma testemunha ao jornal Middle East Eye: “Uma carrinha apareceu a alta velocidade e disparou tiros de metralhadora antes de partir rapidamente”, declarou Salman, professor de matemática em Kafranbel, ao jornal.
Raed ainda foi levado para o hospital, mas não resistiu aos ferimentos. Hamoud morreu de imediato no local.
Don't want to believe @RaedFares4 has been killed. One of the few peaceful pro-democracy activists from the early days of the uprising who was still in #Syria .Tireless, uncompromisingly principled, good humored, big-hearted and much more. A huge loss. #KafraNbel . RIP my friend pic.twitter.com/XjWMhnfu3S
— Donatella Rovera (@DRovera) November 23, 2018
O ativista Raed Fares fundou a Radio Fresh em 2013, com o objetivo de criar uma rádio independente que pudesse fazer oposição tanto ao regime de Assad como aos grupos terroristas islâmicos da região. “A verdade é que os sírios são vítimas de duas formas de terrorismo”, declratou o próprio Fares em tempos, citado pelo Guardian. “Por um lado enfrentam o terrorismo de Assad, por outro o do Estado Islâmico e de outros extremistas.”
Devido à sua atividade como radialista, Fares chegou a ser diretamente atacado por vários grupos terroristas. Segundo a Al-Jazeera, Fares sobreviveu a uma tentativa de assassínio por parte do Estado Islâmico em 2014. Dois anos depois, a Frente Al-Nusra (ligada à Al-Qaeda) sequestrou-o e manteve-o detido durante algum tempo.
“Não desistimos, continuamos a emitir a nossa cobertura independente da revolução síria, combatendo o terrorismo e defendendo a tolerância”, afirmou o ativista ao Washington Post em junho. À Al Jazeera, Fares explicou que teria forma de fugir da Síria, mas que se recusava a fazê-lo. A sua intenção, explicou, era a de permanecer na Síria até Assad ser derrotado.