O presidente do Sporting destacou esta sexta-feira a importância dos sócios e adeptos do clube leonino para o sucesso da emissão obrigacionista que resultou no encaixe de 26 milhões de euros, lançando críticas à atuação dos bancos nesta operação.

“O verdadeiro sindicato bancário foi o Sporting Clube de Portugal, a massa adepta e a massa associativa”, destacou Frederico Varandas, líder da SAD verde e branca.

Antes, o presidente tinha já destacado o esforço feito para “negociar com bancos e com a CMVM” o próprio lançamento da operação financeira, que, segundo Varandas, depois de arrancar, conheceu várias contrariedades.

“Não tivemos direito a um empréstimo intercalar. Não tivemos os bancos a querer comercializar as nossas obrigações. Não houve nenhum sindicato bancário a querer resolver o que vinha de trás”, salientou, assinalando ainda que “em maio de 2018, a SAD do Sporting não reembolsou os obrigacionistas na data prevista, tendo de adiar por seis meses. Agora, passados seis meses, a SAD teve oportunidade de pagar”.

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Frederico Varandas lembrou que a sua direção herdou “esta situação” e teve que “resolver o que os outros não conseguiram”, sendo que só teve “um mês e meio para lançar este empréstimo obrigacionista”.

Por seu lado, o vice-presidente Francisco Salgado Zenha, que tem o pelouro da área financeira, também lançou muitas críticas em relação à atuação dos bancos nesta colocação de títulos de dívida e visando, em especial, o Montepio. “Ao contrário do que tem sido dito na comunicação social — que nós estávamos a usar os bancos como bode expiatório –, nós não usamos bodes expiatórios. É um facto que quem se deslocasse ao banco tinha dificuldades (em subscrever as obrigações do Sporting)”, disse.

O dirigente admitiu, porém, que “os bancos também ajudaram na pré-comercialização”, nomeadamente “o Novo Banco, o BCP, e a CGD”, que “tiveram uma postura impecável nessa fase”. “Temos uma boa relação. São nossos parceiros. Há uma exceção: o Montepio. Teve um comportamento ao longo deste processo que não dignifica a instituição”, referiu.

Segundo Salgado Zenha, o Montepio, que liderava esta oferta de obrigações, falhou com o acordado com a SAD leonina. “Trabalhámos sempre no pressuposto de haver um empréstimo intercalar. Pelo que soubemos, foi aprovado pelas equipas técnicas do Montepio. Já tinha sido aprovado um idêntico em maio, quando o Sporting tinha uma situação de liquidez pior que agora. Fomos enrolados e depois disseram-nos que não ia haver. Institucionalmente, devo dizer que não nos deixaram minimamente satisfeitos”, disse o responsável.

Sobre as “Obrigações Sporting SAD 2015/2016”, cujo montante ascende a 30 milhões de euros e que deviam ter sido pagas em maio, o Sporting informou esta sexta-feira o mercado que será feito o reembolso final a 100%. A SAD verde e branca vai ainda pagar um juro ilíquido unitário de 0,15625 euros, correspondente ao juro líquido de 3,125% (antes de impostos), a partir de segunda-feira, devido ao atraso no reembolso das obrigações.

Questionado sobre o montante global desta compensação aos investidores, Salgado Zenha apontou para um valor na ordem de um milhão de euros.