“Este é o acordo”, disse, várias vezes, António Costa, em declarações ao jornalistas a partir de Bruxelas. Reiterando a ideia já deixada por Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, e por Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, o primeiro-ministro português garantiu que “não há acordo alternativo”.

“Não há alternativas, este é o acordo. E ainda por cima é um bom acordo para ambas as partes”, disse António Costa. “As alternativas foram testadas ao longo do meses.” O primeiro-ministro lembrou que o acordo do Brexit, que teve luz verde este domingo, foi resultado de “muitos meses de duras negociações” e que “muitos julgavam que não pudesse ser concluído”.

Em relação a Portugal,o primeiro-ministro garantiu que era um acordo “absolutamente satisfatório”. “Protege todos os direitos dos cidadãos portugueses residentes no Reino Unido, ou que venham a residir até 31 de dezembro de 2020, assim como garante os direitos de todos os cidadãos britânicos residentes em Portugal.”

Questionado sobre alternativas ou outros cenários, caso o acordo do Brexit não seja aprovado pelo Parlamento britânico, António Costa reforçou que os cenários foram todos apresentados durante as negociações e que “numa negociação o que importa é o resultado final” — neste caso o acordo agora validado. “Tudo o resto são fantasias.”

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O primeiro-ministro espera que o acordo seja aprovado pelo Parlamento britânico, porque uma saída desordenada seria uma “tragédia” tanto para o Reino Unido como para a União Europeia. E garantiu que todos os Estados-membros e mesmo Theresa May saíram da cimeira satisfeitos com o resultado.

Perante a insistência dos jornalistas em relação à possibilidade do Parlamento britânico não aprovar o acordo ou o Reino Unido ter de pedir o adiamento da data de saída, António Costa respondeu já um pouco exaltado que “não vale a pena antecipar” e lembrou qual era a notícia do dia: “por unanimidade, o Conselho Europeu endossou favoravelmente este acordo”. “Depois havemos de ter mais notícias, porque todos os dias têm várias emissões de telejornais para fazer.”

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As negociações excecionais da saída de um Estado-membro

“Este Conselho Europeu é uma etapa importante. Devemos daqui retirar todas as ilações”, disse Emmanuel Macron, Presidente francês, à saída da cimeira que validou o acordo de saída do Reino Unido da União Europeia. “[O Brexit] demonstra que a nossa União Europeia tem uma componente de fragilidade, que pode ser melhorada”, disse, em relação à primeira saída de um Estado-membro, que sublinhou ser um grande parceiro. “A UE deve ser reformulada pelos nossos cidadãos.” Uma medida que, defendeu, deve marcar o debate das próximas eleições europeias.

“O acordo que foi alcançado, em respeito pela vontade demonstrada pelo povo britânico, é na minha opinião um bom acordo, e eu apoio-o. Desejo que possamos abordar também a relação futura com o Reino Unido, uma relação que ainda terá de ser definida, e que será trabalhada nos próximos meses, espero eu que com o mesmo método.”

A excecionalidade do momento e as complexas negociações levaram Angela Merkel, chanceler alemã, a considerar o acordo do Brexit como uma “obra-prima diplomática”. Apesar de lembrar que este acordo representa uma “separação”, Merkel disse que a declaração política também prevê uma “relação muito próxima” com o Reino Unido. “Para um Estado não-membro da UE, nunca houve uma relação tão intensa como esta.”

Sobre as negociações que a primeira-ministra britânica terá de enfrentar no Parlamento no Reino Unido, Merkel considera que “Theresa May vai fazer tudo para cumprir a parte dela. Do lado da Europa, ficarão outros assuntos por resolver e negociar mais parte como a política das pescas.

Todas as partes se felicitaram com o acordo conseguido, mas também se replicaram as notas de pesar pela perda de um Estado-membro. “É um dia triste. Ver um país como a Grã-Bretanha — embora dissesse isto sobre qualquer outro país — sair da União Europeia não é um momento de júbilo ou celebração. É um momento triste, uma tragédia”, disse Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia.

Nas várias publicações feitas no Twitter, Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, reforçou que o Reino Unido e a União Europeia e assim devem ficar. “Friends will be friends, right till the end”, disse citando Freddie Mercury. Acrescentando que “vão continuar amigos até ao final dos dias e um dia depois disso”.

Atualizado às 13 horas