Mais um capítulo confirmado nesta autêntica novela que está a ser a final da Taça Libertadores entre River Plate e Boca Juniors: a CONMEBOL confirmou ao início da tarde na Argentina que o segundo jogo no Estádio Monumental, que estava marcado para este sábado mas passou para domingo, foi de novo adiado para data ainda por definir.

A rusga da discórdia, as pressões de Infantino e uma cara conhecida: cinco histórias de um dia negro na Argentina

Depois de tudo o que se passou este sábado, naquele que foi mais um dia negro para o futebol argentino mas que colocou também em causa muitas coisas no plano económico e social na Argentina (a começar pelas declarações de Maradona, que “arrasou” a política do presidente Mauricio Macri), o Boca Juniors emitiu um comunicado por volta da hora de almoço onde revelava a sua indisponibilidade para marcar presença no jogo e pedia também a vitória na secretaria ao abrigo dos regulamentos.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Ataque ao autocarro do Boca, jogadores no hospital, confrontos com polícia: Superclássico adiado para domingo

“O Club Atlético Boca Juniors realizou este domingo uma apresentação formal à CONMEBOL para solicitar que a final da Taça Libertadores se possa disputar em condições de igualdade, tal como tinham acordado os presidentes da entidade sul-americana, do Boca e do River, na ata que assinaram este sábado no Monumental”, começou por explicar a missiva.

“Na tarde de ontem, o Boca Juniors solicitou adiar o jogo pelos incidentes e estabeleceu como prioridade que o mesmo pudesse ser disputado em igualdade de condições. Depois dos atos de violência sofridos nas imediações do estádio, de ter constatado a magnitude e gravidade dos mesmos e as consequências que provocaram no plantel, o Boca considera que essas condições não estão reunidas e solicita a suspensão do jogo, assim como a aplicação das sanções correspondentes previstas no artigo 18, para que a CONMEBOL atue em consequência disso”, destacava o comunicado dos xeneizes.

Pouco depois, e numa altura em que as portas do Monumental abriam, o River Plate emitia também um comunicado onde dava conta da realização do jogo mas colocava a decisão nas mãos da entidade organizadora desta final da Libertadores.

“O River Plate informa que, conforme foi anunciado pela Confederação Sul-Americana de Futebol (CONMEBOL), o jogo vai disputar-se às 17 horas de hoje. Ainda assim, o River Plate destaca que se ajustará ao que for decidido pela entidade organizadora, a CONMEBOL. No mesmo sentido, recorda-se que as portas do estádio já se encontram abertas e que, na entrada, devem apresentar o mesmo bilhete que tinham acompanhado pelo documento de identificação”, salientava.

A decisão da CONMEBOL não tardou, até para evitar de novo grandes concentrações de adeptos no exterior e dentro do Estádio Monumental, o que traria outro tipo de dificuldades ao forte contingente policial montado para o efeito – a final foi mesmo de novo adiada, estando marcada uma reunião com os presidentes dos dois clubes para a próxima terça-feira para tentar encontrar uma outra data para cumprir o jogo em falta, algo que foi também aceite por parte do River Plate para “evitar” um eventual cenário de derrota na secretaria que poderia estar em causa, como recordara o Boca Juniors em comunicado.

“Não estão reunidas as condições, não existem condições iguais. Uma equipa foi agredida e queremos que a final se jogue quando essas condições estiveram reunidas. É uma vergonha a imagem que demos ao mundo”, admitiu Alejandro Domínguez, paraguaio que lidera a CONMEBOL e que tem sido alvo de muitas críticas pela forma como lidou com todo o processo.

“Acreditamos no espetáculo, que o vencedor ganhe na diferença de golos mas a realidade é que não estão reunidas as condições desportivas iguais entre as duas equipas e agora vamos convocar os presidentes dos dois clubes para uma reunião na sede da CONMEBOL, em Luque, para encontrar uma data para a realização da final. Esta não é uma suspensão, é um adiamento – a final vai jogar-se e definir-se dentro de campo. Não tínhamos nenhuma informação por parte do Boca mas recebemos esta manhã e não é apenas o Pablo Pérez, há mais quatro ou cinco jogadores com problemas. Não tínhamos ainda essa informação médica e, quando foi recebida pelo Conselho da CONMEBOL, decidimos adiar o jogo”, justificou.

De referir em paralelo que existe um problema de ordem logística que inviabiliza, por exemplo, que o encontro se realize na próxima semana (pelo menos no Monumental): Buenos Aires vai receber a 13.ª reunião do G20 entre sexta-feira e sábado (30 de novembro e 1 de dezembro), naquele que é o primeiro encontro realizado pelo poderoso grupo na América do Sul, e existe uma enorme preocupação com a segurança de um evento que vai ocorrer não muito longe do local onde aconteceram este sábado os incidentes antes do River Plate-Boca Juniors. Era por isso que se aguardava a presença de Vladimir Putin, presidente da Rússia, no encontro, algo que acabou por não se confirmar. As próprias datas iniciais dos jogos foram alteradas por causa do G20, passando para os dias 10 e 24 quando deveriam realizar-se a 14 e 29 de novembro.