A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, escreveu aos cidadãos britânicos para assegurar que desde o primeiro dia do seu mandato tem procurado fazer cumprir o resultado do referendo e tem procurado o melhor acordo de saída da União Europeia. Theresa May divulgou a carta no Twitter. Também pelo Twitter, Nicola Sturgeon, primeira-ministra da Escócia contestou dizendo que é quase tudo mentira.

“Desde o meu primeiro dia, sabia que tinha uma missão clara à minha frente, um dever a cumprir em vosso nome: honrar o resultado do referendo e assegurar um futuro melhor para o nosso país pela negociação de um bom acordo do Brexit com a União Europeia”, escreveu Theresa May. “Durante as longas e complexas negociações que tiveram lugar no último ano e meio, nunca perdi de vista esse dever.”

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A carta de Theresa May surge depois do anúncio de que Espanha já não vai vetar o acordo do Brexit porque conseguiu fazer valer as suas exigências em relação a Gibraltar. O território que pertence ao Reino Unido não vai estar abrangido pelo mesmo acordo que as ilhas britânicas e todas as decisões em relação ao território dependerão de negociações entre o Reino Unido e Espanha.

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A primeira-ministra britânica estava em Bruxelas, reunida com os líderes dos 27 países da União Europeia, à procura de aprovação para o acordo do Brexit. Aos eleitores garantiu que o acordo foi feito tendo em conta “os interesses nacionais”, um acordo que “funciona para todo o país e para todas as pessoas, quer tenham votado ‘Leave’ [sair] ou ‘Remain’ [ficar]”. Theresa May recorda que o acordo é para todos: Inglaterra, Escócia, País de Gales, Irlanda do Norte e todos os outros territórios, como Gibraltar.

Na carta, Theresa May voltou a anunciar aquilo que motivou o Brexit e aquilo que o acordo pretende garantir: “vamos retomar o controlo das nossas fronteiras, acabando com a livre circulação de uma vez por todas”, “vamos recuperar o controlo sobre o nosso dinheiro, acabando com os pagamentos anuais à União Europeia”, “vamos recuperar o controlo das nossas leis, acabando com a jurisdição do Tribunal Europeu de Justiça no Reino e Unido” e “vamos sair dos programas europeus que não funcionam a favor dos nossos interesses”, como a Política Agrícola Comum e a Política Comum das Pescas.

“Os cidadãos da União Europeia, que construíram as suas vidas no Reino Unido, terão os seus direitos protegidos, assim como os cidadãos do Reino Unido que vivam nos países da União Europeia”, garantiu Theresa May. A primeira-ministra acrescenta que o acordo vai garantir que os produtos alimentares possam atravessar facilmente a fronteira e que o Reino Unido e os países europeus vão continuar a ser aliados na luta contra o terrorismo e crime organizado.

“No dia 29 de março, o Reino Unido vai sair da União Europeia”, escreveu Theresa May. E este domingo o Conselho Europeu aprovou o acordo do Brexit para que isso acontecesse. Agora, a primeira-ministra britânica vai ter se conseguir que o acordo também seja aprovado no país.

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Antes de mais, May pede que as etiquetas de “Leave” e “Remain” sejam postas de lado, porque o Reino Unido vai mesmo sair da União Europeia e o mais importante é conseguir o melhor acordo possível. Nas próximas semanas o parlamento britânico vai votar o acordo e a primeira-ministra tem muito trabalho a fazer para convencer deputados suficientes para aprovarem o acordo, incluindo dentro do próprio partido.

Entre a oposição que Theresa May e o Brexit têm enfrentado está a primeira-ministra escocesa, Nicola Sturgeon. Embora o referendo escocês tenha decidido permanecer o Reino Unido, isso foi antes do referendo do Brexit e os escoceses votaram pelo “Remain”. Sobre a carta de May, Sturgeon disse: “Quase nada nesta carta desesperada é verdade”. “É um mau acordo”, disse. “O Parlamento deve rejeitá-lo e apoiar uma alternativa melhor.” Mas os líderes europeus deixaram bem claro que não há alternativas a este acordo.

Atualizado às 13 horas