O Presidente da República timorense condecora quarta-feira, no 48.º aniversário da proclamação da independência de Timor-Leste, 46 veteranos da luta contra a ocupação indonésia, a maioria dos quais dedicou 24 anos à luta armada.

“A maioria dos cidadãos condecorados com a Ordem de Timor-Leste dedicou-se exclusivamente à luta na frente armada, sem interrupção, durante 24 anos”, refere Francisco Guterres Lu-Olo no decreto de condecoração. O chefe de Estado considera ser um “dever reconhecer e valorizar a ação de patriotismo, dedicação exclusiva e grande sacrifício” dos condecorados, vários dos quais a título póstumo.

Entre os condecorados estão alguns dos nomes sonantes da luta contra a ocupação indonésia, entre 7 de dezembro de 1975 — quando a Indonésia invadiu o país, dias depois da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) proclamar a independência, a 28 de novembro — e a consulta popular que ditou a independência, a 30 de agosto de 1999.

Duas das principais figuras da luta liderada pelas Falintil, o braço armado da resistência, estão entre os distinguidos: António João Gomes da Costa (Ma’Huno), que liderou a luta depois da prisão de Xanana Gusmão, em 1992, e até ser capturado em abril de 1993, e o seu sucessor, Nino Konis Santana, que liderou a resistência até à sua morte, a 11 de março de 1998, e que recebe a condecoração postumamente.

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Das mãos do Presidente recebem ainda o Colar da Ordem de Timor-Leste Cornélio Ximenes (Maunana), colaborador do chefe de Estado maior, Faustino dos Santos (Renan Selak), que foi secretário da Região 1, e Vidal de Jesus (Riak Leman), que foi secretário da Região IV.

A lista inclui ainda o segundo comandante da região II, Manuel Freitas (Mau Buti), e os segundos comandantes da região III, Cornélio Gama (L7) e Jaime Ribeiro (Samba Sembilan). Custódio Belo, adjunto político e responsável do secretariado do Estado Maior das Falintil, Lourenço Amaral de Matos, adjunto político e militar, e Zacarias de Fátima, adjunto da Região IV, recebem a mesma condecoração.

Além de Konis Santana, recebem o Colar da Ordem de Timor-Leste a título póstumo Fernando Teles da Costa (Txai/Bazuka), membro do Comité Central da Fretilin, José Henrique (Rojas Co’o Susu), comandante de região e Benedita Freitas (Dircy Betty), adjunta política na Região 1. Com a medalha da Ordem de Timor-Leste são condecorados 32 cidadãos timorenses, um dos quais a título póstumo.

A 28 de novembro de 1975, Xavier do Amaral — que seria Presidente durante nove dias — leu em frente ao Palácio do Governo em Díli o texto da proclamação unilateral da independência de Timor-Leste pela Fretilin.

“Encarnando a aspiração suprema do povo de Timor-Leste e para salvaguarda dos seus mais legítimos direitos e interesses como nação soberana, o Comité Central da Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente (Fretilin) decreta e eu proclamo, unilateralmente, a independência de Timor-Leste, que passa a ser, a partir das 00h00 de hoje a República Democrática de Timor-Leste, anticolonialista e anti-imperialista”, declarou. “Viva a República Democrática de Timor-Leste. Viva o povo de Timor-Leste livre e independente. Viva a Fretilin”, concluiu.

A independência foi interrompida com a invasão indonésia, a 7 de dezembro de 1975, e restaurada a 20 de maio de 2002. As cerimónias deste ano decorrem exatamente no mesmo local.