Esta segunda-feira devia ser o primeiro dia de trabalho depois de dois dias de festa na Argentina. Se tudo tivesse corrido bem, se não tivesse existido uma chuva de pedras sobre o autocarro de uma das equipas, se ninguém tivesse ficado magoado, os adeptos de Boca Juniors e do River Plate estariam esta segunda-feira a regressar aos trabalhos, vencedores ou vencidos, para a semana de ressaca da final da Taça Libertadores. Mas nada correu bem, existiu uma chuva de pedras sobre um autocarro e muita gente ficou magoada.

E como este segundo universo é que é o verdadeiro e não o paralelo, esta segunda-feira foi recheada de mais reações, mais novidades e mais declarações. À cabeça, as buscas ao Monumental, o estádio do River Plate, onde se realizaria a segunda e derradeira mão da final. De acordo com o Olé, as buscas policiais estão relacionadas com a rusga feita na passada sexta-feira, véspera da data original para a realização do encontro – nesse dia, como explicou a Marca, foi feita uma operação que tirou das instalações da claque “Los Borrachos del Tablón” 300 bilhetes para revenda, dinheiro (mais de 150 mil euros) e outros artefactos ao grupo, além de deter o seu líder, “Caverna” Godoy. Esta rusga, que foi apontada como uma das justificações para o ataque ao autocarro do Boca Juniors, deu origem à abertura de uma investigação policial que esta segunda-feira motivou as buscas.

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Já Pablo Pérez, capitão do Boca Juniors que foi atingido durante o ataque ao autocarro e ficou ferido num olho, afirmou à saída de uma consulta no hospital que “não é possível jogar assim” e que “isto não pode voltar a acontecer”. “O que se passou é uma vergonha. Tenho mulher e três filhas. A mais velha abraçou-me a chorar quando cheguei a casa. Não posso jogar num recinto onde não esteja seguro. O que é que acontecia se jogássemos e ganhássemos? Quem é que me tira dali? Se estavam loucos antes de entrarmos, imaginem se tivéssemos dado a volta à final no estádio deles. Matavam-me! Não vou jogar num recinto onde posso morrer”, explicou o jogador que, de acordo com a imprensa argentina, terá ficado com 60% da visão do olho esquerdo seriamente afetada.

O capitão xeneize desmentiu ainda o relatório médico da CONMEBOL – que indicava que os jogadores tinham apenas lesões superficiais – e garantiu que não foi visitado por qualquer médico da confederação que regula o futebol sul-americano. “Nenhum médico da CONMEBOL me veio ver. Repito: nenhum. Eu não via nada, ninguém veio ao hospital, nunca me analisaram. Se me tiram o olho, ninguém me paga”, afirmou Pablo Pérez, visivelmente emocionado. O jogador do Boca Juniors regressa ao hospital esta terça-feira para saber se está apto para jogar.

Pablo Pérez ficou gravemente ferido no olho esquerdo

Também Diego Armando Maradona voltou a falar esta segunda-feira. Depois de ter dito que “é uma lástima ter que dizer isso mas com Macri [presidente argentino que já foi presidente do Boca] tem sido um desastre”, El Pibe recorreu ao Instagram para afirmar que espera que “a CONMEBOL atue de maneira séria e dê o título da Libertadores ao Boca Juniors”. “Para lá do amor que tenho pelo clube, há um regulamento para cumprir. As sanções são claras e isto é uma gota de água comparado com aquilo por que nos tiraram os pontos em 2015. Eu gosto de ganhar no relvado, mas quando não se respeitam as normas têm de existir sanções. E essa sanção é dar os pontos ao Boca”, escreveu o antigo jogador argentino, que terminou a carreira no emblema xeneize, precisamente quando o presidente era Mauricio Macri.