No final do encontro, Sérgio Conceição abordou de forma curiosa o primeiro golo do FC Porto, nomeadamente o que a jogada devia ser e aquilo em que se acabou por transformar. “As chamadas bolas paradas fazem parte da diversidade de situações que nós temos. O Óliver era para chutar primeiro, quando ele não o fez ainda lhe chamei alguns nomes do banco, mas depois aplaudi-o, não há nada a dizer”, disse visivelmente bem disposto, rebobinando o filme do tento inaugural de Militão pelos dragões com a quinta assistência do espanhol – que em menos de meia época já igualou o registo máximo no clube.

Um guia rápido de como fazer em três minutos o que ninguém fizera em seis horas (a crónica do FC Porto-Schalke 04)

O quarto triunfo consecutivo dos azuis e brancos na Liga milionária, igualando um registo que apenas tinha sido alcançado na longínqua temporada de 1996/97, garantiu à equipa não só a passagem aos oitavos de final da competição mas também o estatuto de cabeça de série no sorteio, com o primeiro lugar do grupo assegurado (ou seja, e para já, tem como garantia que não irá defrontar nem Barcelona nem Real Madrid na próxima eliminatória). Mas há mais dados a retirar da noite em que os campeões nacionais alcançaram o nono triunfo consecutivo entre Campeonato, Taça de Portugal, Taça da Liga e Champions – Sérgio Conceição tornou-se apenas o segundo treinador português a conduzir a equipa em duas qualificações consecutivas na fase de grupos e, em paralelo, igualou os registos de Fernando Santos e Vítor Pereira com 100% de triunfos nos jogos em casa. Ao mesmo tempo, salta um objetivo por alcançar na última ronda frente ao Galatasaray: chegar aos 16 pontos, o que igualaria a melhor marca de sempre de um FC Porto que se apurou pela 15.ª vez para a fase seguinte da Liga milionária.

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“A melhoria no jogo teve a ver com perceber o nosso primeiro momento, pressionar o adversário e o seu início de construção. A partir do momento em que se passou isso, melhorámos. Foi importante e não foi nada justo chegar ao intervalo empatados, não me lembro de uma ocasião do adversário. Apesar de, nesses dez ou 15 minutos iniciais, não termos sido tão eficazes, retificámos ao intervalo. Os jogadores perceberam o que tínhamos de fazer e realizámos uma segunda parte fantástica. Há um ambiente de confiança plena entre aquilo que são os adeptos e aquilo que fazemos dentro do campo. Foi um jogo muito consistente, com uma segunda parte fantástica e estamos felizes por isso”, resumiu o técnico na flash interview.

Tão ou mais importante do que isso, e um pouco como quem não quer a coisa (no sentido em que só parando e fazendo mesmo as contas é que se percebe a dimensão dos ganhos em causa) beneficiando dos novos valores monetários por entrada na fase de grupos da Liga dos Campeões e por vitória, o FC Porto já conseguiu somar cerca de 65 milhões de euros até ao momento: 44 milhões pela entrada na fase de grupos; 10,8 milhões pelos quatro triunfos frente a Galatasaray, Lokomotiv (duas vezes) e Schalke 04; 9,5 milhões pela passagem aos oitavos; e mais 900 mil euros pelo empate em Gelsenkirchen.

Marega e Corona foram fundamentais nos quatro triunfos, apontando sete dos dez golos do FC Porto (Octavio Passos/Getty Images)

No plano individual, o grande destaque acabou por tardar mas chegar para Moussa Marega: jogando de novo sozinho na frente de ataque, esta noite com especiais dificuldades tendo em conta o esquema de três centrais que permitia aos alemães deixarem sempre um defesa na sua sombra, o maliano conseguiu fazer no quarto minuto dos descontos o que Fährmann lhe adiara aos 19′ com uma grande defesa e marcou pelo quarto jogo consecutivo na Liga dos Campeões, tornando-se o primeiro a conseguir esse registo desde Mário Jardel num feito que mais ninguém conseguiu até ao momento nesta edição da prova. Outra curiosidade: o avançado, que é o melhor marcador da equipa (sete), tem mais golos na Europa do que no Campeonato.

Quem fez mesmo história foi Jesús Corona que, ao marcar pelo terceiro jogo consecutivo depois dos golos apontados na Rússia e na receção ao Lokomotiv, se tornou no primeiro jogador mexicano a alcançar o feito na Taça dos Clubes Campeões Europeus/Liga dos Campeões, superando os anteriores registos de Ney Castillo, Chicharito, Herrera e Hugo Sánchez.