Um comboio sul-coreano entrou esta sexta-feira na Coreia do Norte pela primeira vez numa década e numa altura em que os dois países iniciaram inspeções conjuntas em linhas ferroviárias do norte, que esperam um dia venha a ter ligação com o sul.

As duas Coreias pretendem realizar uma cerimónia de abertura até ao final do ano do projeto de ligação das ferrovias e estradas entre os dois países conforme acordado pelo presidente sul-coreano, Moon Jae-in, e o líder norte-coreano, Kim Jong-un. “As linhas ferroviárias vão ajudar a solidificar a paz à península coreana”, disse o ministro da Unificação sul-coreano, Cho Myoung-gyon, durante uma cerimónia na estação Dorasan, perto da fronteira.

“Vamos manter uma estreita cooperação com as nações envolvidas para que o projeto de ligação entre as ferrovias do Sul e do Norte possa prosseguir com o apoio internacional”, disse.

Também esta sexta-feira, uma fonte do Ministério da Defesa de Seul adiantou que os militares norte-coreanos e sul-coreanos concluíram a retirada de 20 postos de guarda na fronteira e minas terrestres numa zona onde planeiam iniciar a primeira busca conjunta por restos mortais de soldados mortos em 1950-53.

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Um comboio sul-coreano, com seis vagões, partiu esta  sexta-feira lentamente em direção à estação de Panmun da Coreia do Norte, perto da cidade de Kaesong, onde as carruagens serão ligadas a uma máquina norte-coreana. De acordo com os planos delineados pelo ministério de Cho, as autoridades coreanas vão iniciar uma inspeção a uma linha ferroviária de 400 quilómetros entre Kaesong e Sinuiju que corta a região central do norte e a costa nordeste.

De 8 a 17 de dezembro, as Coreias irão inspecionar uma seção ferroviária de 800 quilómetros ao longo da costa leste do país, que se estende até uma estação próxima da fronteira com a Rússia. As duas Coreias acordaram iniciar entre o final de novembro e o início de dezembro os trabalhos para modernizar e, eventualmente, ligar as suas redes férreas e viárias, um acordo alcançado nas cimeiras de abril e setembro.

O projeto foi adiado vários meses, depois do Comando das Nações Unidas na Coreia, liderado pelos Estados Unidos, bloquear o acesso aos materiais necessários para efetuar o estudo no terreno da Coreia do Norte, alegando problemas processuais.

O bloqueio é interpretado por alguns como um sinal do descontentamento de Washington sobre uma possível violação das sanções impostas ao regime norte-coreano e a aceleração da cooperação intercoreana, num momento em que as negociações sobre a desnuclearização parecem estar paralisadas. O Presidente sul-coreano, Moon Jae-in, e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, concordaram, nas reuniões, intensificar a cooperação e o intercâmbio entre os dois países.