Entidades regionais e locais dão uma resposta mais efetiva à ameaça das alterações climáticas do que os respetivos governos, havendo autoridades regionais que estão a descarbonizar o dobro da taxa das 20 maiores economias do mundo.

Os dados foram esta sexta-feira divulgados, a dois dias de começar a reunião mundial sobre as alterações climáticas (COP24) da Polónia, num relatório de três organizações do Reino Unido – The Climate Group, Carbon Disclosure Project (CDP) e PricewaterhouseCoopers.

Segundo os números esta sexta-feira avançados, há regiões que se comprometeram a descarbonizar (limitar o uso de fontes de energia que emitem carbono, substituindo-as por energias limpas) a uma taxa de 6,2% ao ano até 2050, 3,2% mais rápido do que o conjunto das 19 maiores economias do mundo e a União Europeia (G20).

Há regiões dos Estados Unidos, da Alemanha, do México, de Espanha ou do Reino Unido que têm metas mais ambiciosas para 2030 do que os seus respetivos governos, diz o relatório.

Numa média de três regiões portuguesas com dados completos, conclui o documento que há um comprometimento de descarbonizar em 3,2% por ano, de 2017 a 2030, um valor acima da média da União Europeia, que é de 2,7%.

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Segundo o estudo, os Açores têm uma redução anual de 5,59% até 2030, a Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo de 2,82%, e a Madeira de 0,01%, uma vez que já atingiu a meta em termos de intensidade de carbono.

O relatório nota que descarbonizar a uma taxa de 6,2% por ano é quase a taxa de descarbonização (apenas menos 0,2%) necessária para alinhar com a meta de impedir que a temperatura global suba mais de dois graus celsius em relação aos valores pré-industriais.

E salienta também que são cada vez mais as regiões que tomam a dianteira, divulgando os seus dados climáticos, de luta contra as alterações climáticas. Passaram de 44 em 2015 para 120 regiões (ou estados, no sistema governativo federal) de 32 países.

Desses 120 governos regionais, 40% já estão a divulgar ações de mitigação, mas também de adaptação às alterações climáticas, uma combinação considerada vital pelo Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas da ONU (IPCC na sigla original).

Desde a assinatura do Acordo de Paris sobre redução de emissões de gases com efeito de estufa, há três anos, que o número de ações de adaptação às alterações climáticas anunciado pelas regiões aumentou 74%.

Foram divulgadas um total de 265 metas para redução das emissões, para energia renovável e para eficiência energética. A maior parte (80%) veio de regiões que fazem parte da chamada “Under2 Coalition”, uma coligação de regiões de vários países do mundo comprometidas em atuar rapidamente contra as alterações climáticas.

O relatório esta sexta-feira divulgado nota que há regiões a demonstrar muita ambição na luta contra as alterações climáticas, em linha com o Acordo de Paris, de impedir que a temperatura suba além de dois graus. Mas lembra que o último relatório do IPCC recomendava aos países para agir no sentido de a temperatura não subir além de 1,5 graus.

No relatório de 2018 salienta-se ainda que cinco regiões/estados se comprometeram com metas de zero emissões: Catalunha (Espanha), Helsinki-Uusimaa (Finlândia), Jamtland (Suécia) e Queensland e Distrito Federal (Austrália). Mais 19 cidades também já estabeleceram metas de carbono zero em meados do século, incluindo Londres, Estocolmo e Vancouver.