A austeridade prometida por Rui Rio para controlar a dívida do partido está mesmo a chegar ao PSD. Esta terça-feira, o Conselho Nacional prepara-se para aprovar o orçamento geral do partido e o secretário-geral já informou as estruturas autónomas do partido de que haverá cortes. A Juventude Social Democrata (JSD) poderá ser uma das que mais vai sofrer com o apertar do cinto, prevendo-se que o corte orçamental possa chegar aos 14% por mês. Ao Observador, o secretário-geral José Silvano diz que os montantes ainda estão a ser negociados, mas que “tem de haver cortes em todo o lado”.

O corte ao nível do subsídio ordinário da JSD nacional acontece depois de as estruturas autónomas do PSD (JSD, autarcas sociais-democratas e trabalhadores sociais-democratas) terem sido alvo de auditorias às contas por parte da Comissão Nacional de Auditoria Financeira do PSD. No seguimento dessas auditorias, segundo se lê numa nota enviada esta segunda-feira pela presidente do Conselho Fiscal da JSD aos “jotas”, a JSD reuniu na semana passada com o secretário-geral, José Silvano, e respetivos adjuntos, Hugo Carneiro e Bruno Coimbra, que informaram do corte — inicialmente estaria previsto um corte de 19% para a JSD, o que significaria uma perda de quase três mil euros ao mês (e menos 31 mil euros por ano).

Na nota, a que o Observador teve acesso, lê-se ainda que “após negociação” entre a Jota e o partido, o corte previsto passou de 19% para 14%, o que vai representar menos dois mil euros ao mês, e menos 24 mil euros ao ano. “Demonstrámos ao partido que, com um corte tão significativo ao orçamento da JSD, seria de todo impossível desempenharmos a nossa atividade de forma eficiente, visto que todos os subsídios extraordinários desapareceram”, lê-se, referindo-se por exemplo ao subsídio relativo ao aniversário da JSD, ao congresso do YEPP e à volta nacional às escolas.

O orçamento da JSD passará assim, segundo se lê na mesma mensagem, a que o Observador teve acesso, de 11 mil euros por mês para 9 mil euros/mês, já depois de tiradas as despesas e ordenados dos funcionários.

Na origem destes cortes está a dívida do PSD na ordem dos 14 milhões de euros, que foi contraída sobretudo devido às eleições autárquicas de outubro de 2017, e que a direção de Rio está empenhada em ver reduzida. Ao Observador, José Silvano não confirmou os valores da redução da JSD, mas confirmou que haverá cortes em todos os orçamentos. “Tem de haver cortes em todo o lado para reduzirmos a dívida do partido”, disse, explicando que esta terça-feira, no Conselho Nacional, será apenas aprovado o orçamento geral do partido (para 2019), havendo depois lugar às negociações sobre as verbas de cada estrutura — que poderão ter lugar até ao fim do mês.

Ao Observador, a presidente da JSD, Margarida Balseiro Lopes, recusou-se a comentar o caso, remetendo quaisquer declarações sobre o assunto para os órgãos próprios do partido, neste caso, o Conselho Nacional desta terça-feira. Já Álvaro Amaro, presidente dos Autarcas Sociais-Democratas, outra estrutura autónoma integrada no PSD, disse não ter qualquer conhecimento de cortes no orçamento dos ASD, a não ser a “normal negociação dos orçamentos que acontece todos os anos”.

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