Cabo Verde elegeu esta segunda-feira 2019 como o ano dos eventos da morna, período em que serão realizadas várias atividades, antecedendo ao anúncio do género musical como Património Imaterial da Humanidade, o que deverá acontecer em dezembro.

O anúncio foi feito à imprensa, na Praia, pelo presidente do Instituto do Património Cultural (IPC), Jair Fernandes, no âmbito de uma conferência que assinala, pela primeira vez, o Dia Nacional de Morna, instituído em fevereiro no parlamento cabo-verdiano.

A 3 de dezembro nasceu Francisco Xavier da Cruz, mais conhecido por B. Léza (1905 – 1958), considerado um dos maiores compositores do género musical do país.

O dia visa homenagear todos os outros compositores, músicos e intérpretes, exaltar e reconhecer a sua importância e chamar atenção da sociedade cabo-verdiana para a necessidade de valorização do género musical.

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Cabo Verde assinala o dia pela primeira vez, oito meses após entregar na Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO, em inglês) a candidatura do género musical a Património Imaterial da Humanidade.

A decisão será anunciada na próxima reunião do Comité do Património Cultural Imaterial da UNESCO, a realizar na Colômbia, em dezembro do próximo ano.

Durante todo o próximo ano, Jair Fernandes disse que as atividades, que constam do plano de salvaguarda, serão realizadas no país e na diáspora e serão monitoradas pela UNESCO.

“Estamos a pensar em algumas conferências na diáspora e com a diáspora, atividades de cariz cultural, galas e promoções da morna e dos novos talentos e chamar a corresponsabilização das outas entidades que também têm estado a trabalhar na promoção da morna”, indicou.

O dossiê foi entregue em março e as autoridades cabo-verdianas garantiram segunda-feira que não mereceu nenhuma observação por parte da UNESCO até o mês de setembro, altura em que poderiam ser feitas alguns reparos à candidatura.

As atividades comemorativas ao Dia da Morna prosseguem durante todo o mês de dezembro, entre elas uma homenagem a Cesária Évora e receção dos imigrantes no aeroporto da Praia com serenatas.

“A ideia é mostrar a dimensão diaspórica da morna, mas também a morabeza (arte de bem receber) que está implícita no próprio género”, afirmou Jair Fernandes, considerando que o país deveria definir dias nacionais para outros géneros musicais.

“Seria fazer um pouco juz ao riquíssimo património cultural que temos em Cabo Verde, no caso particular o património imaterial”, sustentou, pedindo também uma “reflexão muito mais aprofundada” em relação à cultura cabo-verdiana.

“Entrando na agenda pública e política podemos pensar mais do que dias festivos ou comemorativos desses traços culturais”, mas também incluir na reflexão a “parte financeira que tem que sustentar, os recursos humanos que são necessários, para se fazer um trabalho um pouco mais alargado e aprofundado”, mostrou.

Além da conferência, a efeméride está a ser comemorada no país com várias atividades como tertúlias, exposições, espetáculos, e envolvendo várias instituições.