Marcelo Rebelo de Sousa já respondeu a quem critica a opção de manter como seu assessor um candidato anunciado para as próximas Europeias. Trata-se de Paulo Sande, confirmado como o cabeça-de-lista do partido Aliança, de Santana Lopes. Questionado pelos jornalistas, o Presidente da República disse que está apenas a “aplicar a lei” e que Paulo Sande apenas deixará de exercer funções em Belém no momento em que “formalizar mesmo” a candidatura.

“A lei consagra mais do que a possibilidade, a garantia de ninguém ser prejudicado na sua atividade profissional pelo facto de se candidatar”, explicou Marcelo Rebelo de Sousa. “Quando se aplica a lei, tem que se aplicar a lei. O que seria se o Presidente da República recusasse um direito previsto na lei? Ora vejam ao contrário”, pediu ainda, à saída da missa em memória de Francisco Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa.

O Presidente da República disse ir “mais longe do que foi o presidente Cavaco Silva” e que, neste caso, Paulo Sande “suspenderá [funções] no momento em que formalizar a sua candidatura”, relembrando que esta não é a primeira vez que um assessor da Presidência se candidata, dando o exemplo de Nuno Sampaio, que nas últimas eleições autárquicas foi candidato do PSD à Assembleia Municipal da Lourinhã.

Em causa estão as declarações do ex-secretário-geral adjunto do PSD, João Montengero, que esta terça-feira disse ao jornal i que “Marcelo está a ser conivente com a estratégia de um partido político e isso é inaceitável no nosso sistema”. Montenegro diz que, em primeira instância, deveria ser Paulo Sande a deixar o cargo da assessoria da Presidência. Caso isso não aconteça, deve ser o Presidente da República a afastá-lo do cargo. Segundo João Montenegro, o Presidente “está claramente a prejudicar o PSD“, afirmando que Marcelo “não se pode andar a meter assim na vida dos partidos. Nem tampouco deve andar a dar as mãos a ninguém”.

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Na tarde desta terça-feira, João Montenegro reagiu às palavras de Marcelo e disse que as situações “não são comparáveis”.

Uma coisa é alguém poder ser candidato ou integrar uma lista a uma Junta de Freguesia. Outra coisa é alguém que trabalha diretamente com o senhor Presidente da República que estuda dossiês sobre questões europeias, que é especialista na área do debate europeu e, de um momento para o outro, despe a farda de assessor político do senhor Presidente e é cabeça de lista de um partido às eleições europeias”, disse João Montenegro, citado pela TSF.

Já Rui Rio está ao lado de Marcelo e disse não ver “problema nenhum” na candidatura do assessor. “O senhor Presidente da República já teve a oportunidade de falar comigo e eu falar com ele. Estão dadas as explicações e sinceramente não considero que esteja a prejudicar o PSD em nada, portanto, está no seu direito e o assessor dele que se candidata também está no seu direito”, referiu o líder do PSD em declarações à RTP.

Pedro Santana Lopes escolheu Paulo de Almeida Sande, especialista em assuntos europeus e consultor da Casa Civil do Presidente da República desde março de 2016, para ser candidato da Aliança às eleições Europeias deste ano, dizendo que se trata de “um candidato de luxo” que responde a duas características que o seu partido procura: “Credibilidade” e “inovação”.

Santana escolhe consultor de Marcelo como candidato da Aliança às Europeias