O arranque de sonho do Wolverhampton, que pelo meio teve a coroação de Nuno Espírito Santo como melhor treinador da Liga em setembro, começou a tornar-se tudo menos isso e as noites mal dormidas começavam a resvalar para os pesadelos com seis encontros consecutivos sem qualquer vitória e apenas um ponto. Aliás, puxando o filme atrás, mais parecia quase karma – tudo começou com uma derrota na receção ao Watford no mesmo dia em que o The Telegraph fez uma extensa reportagem sobre os segredos da grande revelação da Premier League e prosseguiu com Brighton & Hove Albion, Tottenham, Arsenal, Huddersfield e Cardiff. Dois meses depois, a equipa voltou a ganhar. E se calhar quando menos se esperava.

Foi preciso chegar a equipa de Elton John (Watford) para o Wolverhampton deixar de dar música

Sem grande margem de erro depois do triunfo na véspera do Manchester City, o Chelsea parecia apostado em somar novo triunfo apesar das alterações pontuais na equipa inicial e beneficiou também do último suspiro da autêntica lei de Murphy que apanhou os Wolves para se adiantar no marcador, com o remate de Loftus-Cheek a sofrer um desvio num defesa contrário e a enganar Rui Patrício, que já ia a caminho do outro lado da baliza. Apesar da boa entrada dos visitados, eram os blues que dominavam e iam na frente para o intervalo, naquela que parecia desenhar-se com mais uma vitória da formação de Sarri que só não saía mais reforçada porque o internacional português fizera a defesa da noite a remate de Willian.

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Após cinco derrotas e um empate na Premier League, Nuno Espírito Santo voltou aos triunfos dois meses depois (Laurence Griffiths/Getty Images)

No entanto, bastariam apenas quatro minutos para mudar tudo. Literalmente, tudo. O Wolverhampton parece uma equipa talhada para aquecer motores no ataque apenas na segunda parte (três golos antes do intervalo, 12 depois) e virou o jogo em lances quase consecutivos de aproximação à baliza do Chelsea: primeiro foi Raúl Jiménez, avançado mexicano emprestado pelo Benfica, a receber um passe na área de Gibbs White descaído na direita e a fuzilar num lance onde Kepa pareceu mal batido (59′); depois foi Diogo Jota, numa jogada que começa numa recuperação de bola de João Moutinho a William numa zona mais adiantada, a empurrar ao segundo poste sozinho após cruzamento rasteiro de Doherty (63′).

Seis jogos depois, os Wolves – que tiveram Rui Patrício, Moutinho, Rúben Vinagre e Jota como titulares, entrando depois os também portugueses Hélder Costa e Ivan Cavaleiro – conseguiram mesmo regressar aos triunfos e consolidaram um lugar a meio da tabela (12.º) com 19 pontos, menos três do que os oitavos Leicester e… Manchester United. Já os blues, que tiveram um Hazard abaixo do normal, aguentaram o quarto lugar mas já a dez pontos do City e a oito do Liverpool. Tudo com um golo de Diogo Jota, o primeiro da temporada pela equipa e na Premier League depois dos três que marcara na Seleção Sub-21.