Os mini-autocarros da rede de transportes públicos de Timor-Leste estão em greve há três dias contra a decisão do Governo em ampliar o número de licenças num mercado que dizem estar saturado e onde os rendimentos são poucos. “Não podemos continuar. Há muitas microletes (nome como são conhecidos os mini-autocarros) e poucos passageiros. E o Governo quer meter mais”, explicou à Lusa Egas Ximenes da Costa, condutor e porta-voz dos manifestantes que hoje [quarta-feira] se concentraram em protesto no centro da cidade.

Muitas das microletes estão paradas há dois dias no estacionamento ao lado do Centro de Convenções de Díli, centro da capital timorense, onde esta quarta-feira se concentraram os condutores que criticam a falta de política do Governo para o setor.

A informação dos condutores é a de que o Governo vai dar mais cinco licenças por cada uma das 12 rotas que o transporte faz durante todo o dia, na capital timorense. Só em Díli, onde segundo o censo de 2015 vivem cerca de 280 mil pessoas, há a circular 981 microletes, segundo dados dos manifestantes.

O diretor geral de Transportes e Comunicações, Joanico Gonçalves, disse à Lusa que as autoridades já se reuniram com os motoristas e explica que “houve alguma confusão de interpretação” sobre os objetivos do Governo. “Quando fizemos o despacho sobre circulação pretendíamos aumentar uma ou duas ou três microletes, dependendo do percurso. Mas só depois de uma análise adequada de passageiros e demais”, explicou. “O Governo quer ir analisando as coisas e periodicamente, determinar se aumenta ou não as licenças”, disse.

Joanico Gonçalves explicou que o Governo pediu aos motoristas para que levantem o protesto, dando alguns dias para que, em diálogo, se encontra uma solução adequada. Estes motoristas recebem um salários de 150 dólares (132 euros) por mês e depois, por dia, das vendas conseguidas, pagam 25 dólares ao proprietário. Coloridas de acordo com a rota em que operam, as microletes são pequenas carrinhas adaptadas com dois lugares à frente, ao lado do motorista, e dois bancos corridos ao longo do interior do veículo.

No máximo – e já contando dois ‘pendurados’ na porta – cada carrinha transporta 15 passageiros. O número pode ser maior nas horas de ponta, altura em que as mulheres se sentam ao colo umas das outras). Tracey Morgan, residente de longa data em Díli e utilizadora muito frequente das microletes, admite que os protestos possam ser exagerados, explicando que em algumas alturas do dia, e em algumas rotas, os passageiros são mais do que os lugares disponíveis. “Nos períodos mais concorridos temos que esperar que passem três ou quatro para ter lugar”, explicou à Lusa.

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